O Presidente de Cuba, Raul Castro, reafirmou neste sábado a necessidade de fomentar a “convivência civilizada” com os Estados Unidos para normalizar as relações bilaterais, ao discursar na abertura do Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC).

“É longo e complexo o caminho para a normalização das relações bilaterais e avançaremos na medida em que sejamos capazes de pôr em prática a arte da convivência civilizada, (…) a necessidade de aceitar as diferenças, que são e serão numerosas e profundas”, disse Raul Castro, na abertura do VII Congresso do PCC, o primeiro após o restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos.

O Presidente cubano confirmou a “vontade” do país em “desenvolver um diálogo e construir um novo tipo de relação com os Estados Unidos como nunca existiu entre os dois países”, uma atitude que “só pode trazer benefícios mútuos”.

Castro defendeu que é necessário apostar aquilo que junta os dois países e não o que os separa, uma mensagem em sintonia com a posição manifestada pelo Presidente norte-americano, Barack Obama, durante a sua histórica visita à ilha caribenha.

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“Não se deve pretender” que Cuba “renuncie aos princípios da revolução, nem faça concessões inerentes à sua soberania e independência, nem ceda na defesa dos seus ideais, nem tão pouco no exercício da sua política externa”, acrescentou Raul Castro.

O Presidente cubano destacou ainda como principais obstáculos na nova etapa de relacionamento com os Estados Unidos o embargo económico colocado por Washington à ilha e a “ilegal” base naval norte-americana em Guantánamo.

Na sua intervenção, Raul Castro recusou qualquer “terapia de choque” ou “fórmulas de privatização” para modernizar a economia cubana. “Cuba nunca permitirá as chamadas terapias de choque, frequentemente aplicadas em detrimento das classes mais pobres da sociedade”, disse.

“As fórmulas liberais que defendem a privatização acelerada do património do Estado e dos serviços sociais, como a educação, a saúde e a segurança social, nunca serão aplicadas sob o socialismo cubano”, acrescentou.

No poder desde 2008, Raul Castro lançou uma “atualização” do modelo económico cubano, com uma abertura limitada à iniciativa privada e ao investimento estrangeiro. Aos delegados do PCC, o presidente cubano justificou a lentidão das reformas com a preocupação do governo em não prejudicar nenhum cubano.

“Esse princípio, de não deixar ninguém desarmado, condiciona em grande parte o ritmo da atualização do modelo económico cubano, que sofre de modo inegável os efeitos da crise económica internacional e […] do embargo dos Estados Unidos”, disse.