Esta segunda-feira, dia 23 de maio, é notícia que um espião português do Serviço de Informações e Segurança (SIS) foi detido no último sábado em Itália por suspeitas de estar a vender informações a um espião russo do SVR, também ele detido. O caso recente faz recordar o verão de 1980, quando foi ordenada a retirada de espiões do KGB do nosso país.

Estávamos a 20 de agosto de 1980 quando quatro diplomatas soviéticos foram expulsos de Portugal por decisão do Governo. A notícia eclodia no dia seguinte na imprensa nacional, incluindo no já extinto Diário de Lisboa, que puxava o assunto para manchete.

Segundo este jornal, o Governo de Sá Carneiro emitiu uma nota oficial, sem o consentimento da embaixada da URSS, para a expulsão de quatro diplomatas soviéticos num prazo de cinco dias. Os homens foram, à data, declarados “persona non grata” por alegada “intromissão nos assuntos internos portugueses”.

diario de lisboa

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Albert A. Matveev, ministro conselheiro, Youry A. Sementchev, conselheiro da embaixada, Vladimir V. Koniaev, adjunto do adido naval, e Alexander S. Koulaguine, terceiro-secretário da embaixada, faziam as malas rumo à terra natal a 27 de agosto, acusados de ingerência na zona da Reforma Agrária.

Freitas do Amaral chegou a falar à imprensa portuguesa de “intervenções abusivas no funcionamento de serviços públicos essenciais com desrespeito por liberdades individuais garantidas em qualquer democracia livre”, acusando os quatro diplomatas tidos como espiões do KGB de “terem praticado atos inaceitáveis de interferência política interna portuguesa, em zonas particularmente sensíveis do território” nacional.

Do outro lado da barricada, a decisão foi, então, vista pelo embaixador da URSS como algo “absolutamente inexplicável” e com vista a “minar as relações com a URSS”.