Os trabalhadores da construtora Soares da Costa voltam a concentrar-se em Lisboa na quinta-feira em protesto pelos cinco a oito meses de salários em atraso, tendo agendadas reuniões no Ministério da Economia e nas instalações da empresa na capital.

Em declarações à agência Lusa, o representante da Comissão de Trabalhadores (CT) José Martins disse esperar a participação de mais de uma centena de manifestantes na concentração marcada para as 14h30, no Largo do Camões: “Do Porto partem às 08h30 dois autocarros com mais de cem trabalhadores e esperamos que a eles se juntem mais alguns do Sul do país, porque a empresa é [de dimensão] nacional”, afirmou.

Segundo José Martins, fonte oficial do Ministério da Economia confirmou já que os representantes dos trabalhadores serão ali recebidos pelas 14h00, após o que se seguirá um encontro com a administração da Soares da Costa nas instalações da empresa em Lisboa, na rua Soeiro Pereira Gomes.

Em cima da mesa, disse, estará a situação vivida na construtora, que tem em atraso cinco meses de salários à maior parte dos funcionários em Portugal, enquanto os que estão em Angola não recebem há oito meses.

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As dificuldades atravessadas pela Soares da Costa levaram ao anúncio, em dezembro de 2015, de um despedimento coletivo de 500 trabalhadores, entre os quais os cerca de 300 funcionários que se encontram em regime de inatividade.

A concentração de quinta-feira segue-se a uma outra realizada no passado dia 12 de julho junto ao Ministério do Emprego, em Lisboa, após a qual os trabalhadores da Soares da Costa acabaram por se deslocar às instalações da empresa exigindo ser recebidos pela administração.

Por conhecer continua o resultado da auditoria pedida pelos três maiores credores da construtora — todos eles instituições bancárias — e que, segundo José Martins, “vai verificar se a empresa tem a viabilidade necessária”.

“Só no final da auditoria a administração poderá dar uma resposta às pretensões dos trabalhadores”, nomeadamente a regularização dos salários, sustentou.

Para a CGTP-IN, que se associou à manifestação de quinta-feira, é “inaceitável que a chaga dos salários em atraso se tenha voltado a instalar no país, num claro clima de impunidade que é preciso repudiar”, estando “o drama dos trabalhadores da Soares da Costa profundamente ligado à falta de investimento público e aos constrangimentos externos decorrentes dos limites do défice e da dívida impostos pela União Europeia e seus instrumentos, designadamente o Tratado Orçamental”.