A primeira atleta norte-americana a usar hijab caiu, mas continua a levantar a voz pelas mulheres muçulmanas. “Tenho de desafiar esta ideia de que não encaixamos por causa da nossa raça ou religião”, disse Ibtihaj Muhammad, antes dos Jogos Olímpicos. A atleta perdeu nos oitavos-de-final contra a francesa Cecilia Berder (15-12), depois de ter vencido na primeira ronda do torneio olímpico de esgrima. Esta é daqueles histórias que engrandecem e ultrapassam o desporto.

Ibtihaj Muhammad, contou o Washington Post, tentou voleibol, softball e ténis quando era garota. Mas o facto de os outros meninos gozarem com ela por ser diferente, por usar o tal lenço na cabeça (hijab), que escondia o cabelo e algum segredo, fê-la parar. Ela procurou então um desporto em que pudesse estar escondida dos olhares indiscretos. E das (in)tolerâncias apertadas. “Quis um desporto em que pudesse estar toda coberta, para que não parecesse diferente”, admitiu.

France's Cecilia Berder (L) competes against US Ibtihaj Muhammad during their womens individual sabre qualifying bout as part of the fencing event of the Rio 2016 Olympic Games, on August 8, 2016, at the Carioca Arena 3, in Rio de Janeiro. / AFP / Fabrice COFFRINI (Photo credit should read FABRICE COFFRINI/AFP/Getty Images)

Ibtihaj Muhammad (direita) contra a francesa Cecilia Berder (FABRICE COFFRINI/AFP/Getty Images)

Depois da derrota frente à francesa, Muhammad disse que queria quebrar as barreiras culturais e inspirar as muçulmanas. “Muita gente acredita que as mulheres muçulmanas não têm voz ou que não participamos no desporto. E não é só para desafiar as incompreensões fora da comunidade muçulmana, mas também na própria comunidade muçulmana”, pode ler-se no site oficial dos JO.

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“Eu quero quebrar as normas culturais e mostrar às meninas que é importante ser ativo, é importante estar envolvido no desporto. Isto tem sido uma bonita experiência. Eu sei que isto foi escrito para mim”, explicou depois da derrota.

A atleta de 30 anos, natural de New Jersey, ainda voltará a competir por equipas, mas deixa muito claro uma coisa: “Eu sinto orgulho em representar a equipa dos Estados Unidos, mesmo na derrota…”