Eduardo Ferro Rodrigues acredita que a hostilização a que Cavaco Silva votou a maioria de esquerda no Parlamento, num momento em que se discutia a formação do Governo, contribuiu decisivamente para a sua eleição como Presidente da Assembleia da República.

“[Cavaco] fez um discurso contra a nova maioria na véspera da minha eleição, que eu acho que contribuiu bastante para a unidade de todas as bancadas de esquerda no voto secreto, para eu ser presidente da Assembleia da Republica”, assumiu o socialista em entrevista à Rádio Renascença.

Recorde-se que a eleição de Ferro Rodrigues quebrou uma tradição há muito seguida no Parlamento: por norma, o Presidente da Assembleia da República era eleito pelo grupo parlamentar com mais deputados — exceção feita a Francisco de Oliveira Dias (CDS) e a Fernando Amaral (PSD), eleitos sem pertencerem aos partidos com o maior número de mandatos na Assembleia. Os seus partidos, embora minoritários, integravam a coligação de Governo.

Nesta entrevista, Ferro admite ainda manter uma excelente relação com Marcelo Rebelo de Sousa. “A relação entre o presidente do Parlamento e o Presidente da Republica é uma relação excelente e é uma relação de um ritmo e de uma intensidade que eu penso que nunca existiu na democracia portuguesa”.

O Presidente da Assembleia da República não deixa de classificar como “curioso” que “a maioria que elegeu este Presidente” seja “uma maioria diferente da que elegeu o presidente da Assembleia e eu acho que isso é muito positivo”.

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