A SAD do Futebol Clube do Porto anunciou um prejuízo recorde de 58,4 milhões de euros no exercício de 2015/2016, o que contrasta com lucros de 19,3 milhões de euros apresentados na época anterior. As receitas caíram 17,8 milhões de euros para 75,8 milhões de euros, uma queda que é explicada pela quebra de proveitos associados à participação do clube nas provas europeias.

Época 2015/2016 refere-se ao período compreendido entre 1 de julho de 2015 e 30 de junho de 2016

O saldo associado aos passes dos jogadores caiu 44 milhões de euros para 7,1 milhões de euros. Até junho de 2016, o passivo total aumentou 73 milhões para 349,2 milhões de euros, mas o passivo remunerado (em relação ao qual a SAD paga juros) cresceu apenas 11,3 milhões de euros.

O passivo financeiro da SAD Porto atingiu os 177 milhões de euros, entre empréstimos da banca e empréstimos obrigacionistas. A sociedade tem dois empréstimos obrigacionistas, um de 45 milhões de euros que vence em 2018 e outro de 20 milhões a pagar até junho do próximo ano. A administração está a estudar uma operação de reestruturação financeira do passivo com o objetivo de passar a maior parte da divida financeira para o longo prazo

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“A época a que se refere este exercício não correu bem”, assim começa a mensagem do presidente do clube, Jorge Nuno Pinto da Costa, no relatório das contas do clube. “Desportivamente a equipa de futebol ficou muito aquém das nossas expetativas e do valor ‘per si’ dos nossos jogadores.”

Uma das principais causas indicadas para a quebra nas receitas foi a fraca prestação europeia na Liga dos Campeões da época passada. O FC Porto ficou em terceiro lugar no Grupo G, atrás de Chelsea e Dínamo Kiev. Graças a esse terceiro lugar ganhou o direito a saltar para a Liga Europa, onde não foi além dos 1/16 de final (vs. Dortmund).

Porto's Spanish coach Julen Lopetegui (L) speaks with Porto's president Nuno Pinto da Costa during a training session at the Dragao Stadium in Porto on December 9, 2014, on the eve of the UEFA Champions League football match FC Porto vs Shakhtar Donetsk. AFP PHOTO / MIGUEL RIOPA (Photo credit should read MIGUEL RIOPA/AFP/Getty Images)

Julen Lopetegui foi despedido na 16ª jornada, depois de perder com Marítimo e Sporting e empatar com Rio Ave (MIGUEL RIOPA/AFP/Getty Images)

As despesas operacionais subiram 13% (14,01 milhões) devido ao aumento dos custos com fornecimentos e serviços externos, mas também devido aos despedimentos, e consequentes pagamentos das indemnizações, das equipas técnicas de Julen Lopetegui e José Peseiro.

Na época transata, o treinador basco orientou a equipa da Invicta desde a primeira jornada até à 16ª, altura em que registava duas derrotas (Sporting e Marítimo) e um empate (Rio Ave) seguidos. Rui Barros, uma referência do clube, liderou a equipa interinamente durante quatro jogos, para depois dar lugar a José Peseiro, que estaria no banco azul e branco da 19ª jornada à última. O atual treinador do Sp. Braga fecharia a época com uma derrota no Jamor.

FC Porto não conquista nenhum troféu desde 2013

“A temporada 2015/2016 ficou aquém das expetativas em termos de resultados. A equipa principal passou o Ano Novo na liderança da Liga portuguesa, mas viria depois a cair na classificação, terminando no terceiro lugar”, pode ler-se no mesmo documento. Este filme tem-se repetido desde 2013, altura em que os dragões venceram o último troféu.

“As hipóteses de conquistar um título esfumaram-se no último jogo da época, a final da Taça de Portugal, com uma derrota nos penáltis frente ao Sporting de Braga.” O FCP não conquista este troféu desde 2011 (Vitória de Guimarães, 6-2).

Após os desaires e despedimento de José Peseiro, a direção do FC Porto decidiu então colocar ao comando Nuno Espírito Santo, um ex-guarda-redes, alguém “com um profundo conhecimento da matriz e da ambição” do clube, diz o relatório.

Principais vendas em 2015/16

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  • Jackson Martínez: 37,10 milhões de euros (Atlético Madrid)
  • Danilo: 31,50 milhões (Real Madrid)
  • Alex Sandro: 26 milhões (Juventus)
  • Giannelli Imbula: 24,25 milhões (Stoke City)
  • Carlos Eduardo: 7 milhões (Hilal)

Segundo o mesmo documento, o clube salienta que, “assumindo as consequências nos resultados do exercício”, optou por segurar os jogadores nucleares, para que no final da época sejam retirados “dividendos desportivos e financeiros”. Apesar de alguns nomes sonantes, fica difícil definir quem são os jogadores nucleares depois da fraca prestação na época passada, mas alguns deles serão certamente Herrera, Danilo Pereira e Brahimi. Ruben Neves será outro futebolista que terá gerado interesse alheio, mas é tudo menos nuclear, pois este ano conta apenas com 203 minutos jogados.

Com Nuno ao volante, o FCP continua a investir na equipa de futebol para voltar aos troféus. Alex Telles (6,5 milhões), Felipe (6,2 milhões), Depoitre (6 milhões), Layún (6 milhões) e Boly (5 milhões) foram as contratações mais sonantes. Óliver Torres e Diogo Jota, ambos do Atlético Madrid, chegaram ao Estádio do Dragão por empréstimo.

O FC Porto segue neste momento na segunda posição do campeonato, com os mesmos pontos do Sporting e apenas a três do Benfica. Na Liga dos Campeões as contas estão mais difíceis, depois de uma derrota (Leicester) e um empate (Copenhaga). Na Taça de Portugal so far so good: segue-se agora o Gafanha.

“Acreditamos firmemente estarmos a iniciar um novo período de sucesso, à imagem do que ciclicamente aconteceu no passado”, promete Pinto da Costa, na nota inicial do relatório.