A agricultura, silvicultura, pesca, energia, água e saneamento apresentam um peso maior no total dos indicadores ambientais, como o potencial de aquecimento global, do que no conjunto da economia, segundo o INE.

Em 2014, a área da agricultura, silvicultura e pesca “continuou a apresentar um peso relativo muito superior nos indicadores ambientais comparativamente à importância relativa do respetivo Valor Acrescentado Bruto (VAB) na economia”, segundo as Contas das Emissões Atmosféricas hoje divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Estes indicadores económicos ambientais do INE permitem analisar as implicações ambientais do padrão de produção, conjugando os dados sobre o ambiente, nomeadamente os efeitos das emissões de poluentes, e as contas nacionais.

A área da agricultura, silvicultura e pesca representa 15,9% do potencial de aquecimento global, 40,9% no potencial de acidificação e 9,9% no potencial de formação de ozono troposférico, os indicadores ambientais listados pelo INE, enquanto a importância relativa do respetivo VAB na economia é de 2,2%.

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A indústria também registou, em 2014, como nos anos anteriores, um peso relativo superior nos indicadores ambientais – com 28,4% no potencial de aquecimento global, 22,7% no potencial de acidificação e 37,0% no potencial de formação de ozono troposférico, e no conjunto da economia foi 13,8% no VAB.

A mesma situação apresenta o ramo energia, água e saneamento, com 26,9% do potencial de aquecimento global, 11,0% do potencial de acidificação e 7,4% do potencial de formação de ozono troposférico, o que é “muito superior ao peso relativo desta atividade no VAB (3,1%)”.

Em 2014, último ano com dados disponíveis no INE, por cada euro de VAB gerado, foram emitidos pelo total da economia portuguesa 0,439 quilogramas equivalentes de dióxido de carbono (CO2), uma ligeira redução face a 2013 (0,443 quilogramas).

O Acordo de Paris, que junta mais de 190 países contra as alterações climáticas, pretende reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, como o CO2, apostando na descarbonização da economia, o que implica manter a atividade económica (ou aumentá-la), diminuindo a produção de poluentes.

O ramo energia, água e saneamento continuou a ser o que emitiu maior quantidade equivalente de CO2 por unidade de VAB, com 3,763 quilogramas, seguindo-se a agricultura, silvicultura e pesca, com 3,224 quilogramas.

Este indicador aumentou principalmente no ramo agricultura, ao passar de 3,124 para 3,224 quilogramas, e diminuiu mais na energia, de 3,923 para 3,763 quilogramas.

A indústria também registou uma descida na emissão de CO2 por unidade de VAB, de 0,936 para 0,905 quilogramas.

A queima de combustíveis fósseis é a principal fonte de emissões e o gasóleo foi o mais utilizado (27,5%), seguido do gás natural (17,4%) e do carvão (15,6%), representando 60% do total de energia consumida associada a emissões.

O carvão foi exclusivamente usado pelo ramo energia, que usou também o fuelóleo (como fez a indústria), o gás natural principalmente pela indústria, e o gasóleo pelos transportes, enquanto as famílias continuam a ser os principais utilizadores de biomassa (63%).

Para comparar o desempenho dos setores portugueses com os restantes países da União Europeia (UE), a informação disponível é de 2013 e revela que o indicador potencial de aquecimento global ‘per capita’ de Portugal tem vindo a apresentar valores mais baixos do que a maioria dos países da UE28, surgindo em quinto lugar, como já sucedera em 2008.