Mukhtar Mai, uma mulher paquistanesa que foi vítima de uma violação em grupo há 14 anos, desfilou esta terça-feira na semana da moda do Paquistão, como forma de chamar a atenção para os direitos das mulheres. Mai participou no evento, em Karachi, para se apresentar como modelo de coragem de esperança para outras mulheres paquistanesas, frequentemente vítimas destes crimes. “Se um passo que eu der puder ajudar nem que seja uma mulher, ficarei muito feliz ao fazê-lo”, disse ela.

Mai foi convidada a desfilar com um três peças de roupa desenhadas pela estilista Roziba Munib, no último desfile de um evento que é, ele próprio, visto como um desafio ao fundamentalismo islâmico no Paquistão — onde as mulheres têm de respeitar um código de vestuário restritivo.

“Quero ser a voz das mulheres que enfrentam circunstâncias semelhantes às que eu enfrentei”, afirmou Mukhtar Mai, pedindo às mulheres que “não percam a esperança por causa da injustiça, porque teremos certamente justiça um dia”.

Em 2002, Mai foi condenada por um conselho tribal a ser violada e humilhada em público, como castigo por o seu irmão ter insultado uma família rival, segundo o Sidney Morning Herald. A mulher decidiu trazer o caso a público, ao contrário da esmagadora maioria das vítimas, recorrendo ao Supremo Tribunal de Justiça. Os homens que a violaram e os membros do conselho que a condenou foram todos julgados e presos — seis deles foram condenados à pena de morte. No entanto, todos acabaram por sair em liberdade alguns anos depois.

A mulher é atualmente ativista pelos direitos das mulheres, e líder de uma instituição de solidariedade que gere um abrigo para mulheres vítimas de violação e uma escola para raparigas, na vila de Meerwala, onde Mai nasceu.

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