João Wengorovius Menezes reitera e contraria a versão de Tiago Brandão Rodrigues: o ministro da Educação, insiste o ex-secretário de Estado, interferiu na exoneração de Nuno Félix, o ex-chefe de gabinete que se incompatibilizou com Wengorovius e que agora apresentou a demissão depois de o Observador ter denunciado o caso das duas licenciaturas inexistentes.

Numa carta enviada ao Público, ao abrigo do direito de resposta, o ex-secretário de Estado insiste na sua versão:

Quando informei o senhor ministro da necessidade de concretizar a substituição do chefe do gabinete (já o havia informado há uns dias de quem iria substituí-lo), recebi o seu pedido — por email — de que não o fizesse nessa altura (o chefe do gabinete demissionário estava ausente há 15 dias e acabava de apresentar uma baixa para acompanhamento à família por mais 15 dias, situação que se estava a tornar danosa para o regular funcionamento da secretaria de Estado)”.

Wengorovius volta assim a contrariar a versão dos factos apresentada por Brandão Rodrigues, que, em entrevista à SIC, deixou claro que nunca tinha tentado interferir nas tentativas de Wengorovius de afastar o seu próprio chefe de gabinete, com quem se havia incompatibilizado.

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Em nenhum momento eu pedi a João Meneses que não exonerasse o seu chefe de gabinete. Todos os governantes têm a possibilidade real de trabalhar e fazerem tudo aquilo que querem fazer nas suas equipas. Ele teve a oportunidade de dizer que constituiu a sua equipa como quis e depois teve conhecimento de factos que eu não tive e teve a oportunidade de fazer com eles aquilo que quis fazer com eles”, garantiu o ministro da Educação, em entrevista à SIC.

Esta quinta-feira, o jornal i revelava que, apesar das palavras de Brandão Rodrigues, havia um email do ministro para o seu ex-secretário de Estado em que o titular da pasta da Educação tentava dissuadir Wengorovius de avançar para exoneração de Nuno Félix. Agora, é a vez de o próprio Wengorovius o confirmar.

No mesmo direito de resposta ao Público, João Wengorovius revela uma troca de emails com o jornalista do Observador, dizendo que nessas mensagens não constava “qualquer alusão ou informação relativa ao conhecimento, por parte do ministro, das falsas licenciaturas. Ou seja, eu nunca poderia ter corrigido algo que não aparecia no resumo da nossa conversa (a qual se havia centrado no chefe do gabinete)”, escreve o ex-secretário de Estado.

Notícia atualizada às 11h25 com a parte que diz respeito às alusões ao Observador.