Nick Yarris passou 22 anos no corredor da morte por engano. Nick foi acusado de violar e matar uma agente da polícia. Mas nunca tinha visto a mulher na vida e conseguiu provar que estava inocente.

Nick nasceu na Filadélfia e teve uma infância feliz, junto dos seus cinco irmãos. Mas aos sete anos um evento traumático mudou-lhe a vida: foi atacado por um adolescente, que lhe bateu com tanta força na cabeça que lhe causou danos cerebrais e que, em seguida, o violou. Nunca contou aos pais. Mas nunca mais seria o mesmo. Entrou numa espiral de auto-destruição que o levou ao consumo de drogas e álcool. Em 1982, com 20 anos, foi acusado de violar e matar uma agente da polícia, Linda Mae Craig.

Estava tão desesperado por sair da prisão — e consumir drogas — que inventou uma história. Disse à polícia que sabia quem tinha morto Linda. Mas a verdade é que nunca tinha visto a mulher na vida, apenas soubera da história pelo jornal. Nick disse que o assassino era um homem com quem vivera por um tempo (que lhe tinha roubado dinheiro), e que pensava que já tinha morrido. No entanto, ele continuava vivo e a mentira foi rapidamente descoberta. A situação piorou ainda mais.

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Em 1988, tornou-se o primeiro homem no corredor da morte nos EUA a pedir testes de ADN a fim de provar a sua inocência. Mas a resposta demorou anos e da primeira vez as provas foram, acidentalmente, destruídas. Nick estava cansado de lutar e as suas esperanças diminuíam de dia para dia. A determinada altura estava pronto a desistir da recorrer da decisão. Não tinha dúvidas de que seria executado.

Finalmente, os resultados chegaram e provaram que existiam vestígios de ADN de dois outros sujeitos no carro e nas roupas de Linda. Nada que incriminasse Nick.

Nick foi libertado em 2003 e recebeu uma indemnização pelo equívoco. Mas os 22 anos que passou na prisão ninguém lhos devolve. E nunca houve um pedido de desculpas. Os assassinos de Linda nunca foram descobertos.

A vida na prisão

Nick passou muito tempo na solitária e foi espancado pelos guardas. “O mais difícil quanto te magoam é continuares a ser boa pessoa“, explicou à BBC.

Não me importava de passar 23 horas por dia sozinho porque depois dos primeiros anos na prisão, quando deixei de estar zangado e comecei a gostar de mim e a perceber-me, era ok. Ainda aprecio a minha própria companhia às vezes.

Para passar o tempo, lia até três livros por dia e ouvia rádio. Aprendeu direito — com o intuito de entregar uma declaração eloquente dias antes da sua execução — e psicologia, que agora aplica a si mesmo. Nunca consultou um psicólogo.

Escreveu o livro “The Fear of 13”, que já deu origem a um filme, e dedica-se à luta pela abolição da pena de morte. Considera a prisão como a maior aventura da sua vida por ter sobrevido a ela.

Se eu não tivesse sido preso a minha vida não tinha sido tão boa como é agora. Nunca olhei para isto de uma forma negativa”

A página Innocence Project apresenta o caso de Nick Yarris como um de muitos casos de pessoas inocentes que são condenadas por crimes que não cometeram.