O presidente do PSD disse esta sexta-feira, num debate sobre o Futuro da Europa e o Plano Juncker, ter “quase a certeza de que haverá uma nova crise” por existirem “muitas vulnerabilidades financeiras e económicas na Europa e na zona Euro”.

Temos quase a certeza de que haverá uma nova crise, não sabemos quando, mas sabemos que haverá. Nós gostaríamos de estar bem preparados quando ela acontecer e ainda não estamos, não se tem sentido devidamente a acuidade que este problema tem”, disse Pedro Passos Coelho, que falava no Porto.

“Em Portugal estamos a perder tempo, neste momento. Durante alguns anos aproveitamos, às vezes em circunstâncias muito difíceis, o tempo que nos deram para fazer reformas e agora aquilo que vemos é reversão atrás de reversão de reformas”, considerou o ex-primeiro-ministro.

“As próximas são as leis laborais. Nós que quisemos fazer, até ao contrário da Espanha, uma reforma das leis laborais em contexto de negociação e de concertação social, fizemos mesmo um acordo estratégico de concertação social para suportar a reforma laboral que fizemos, só não esteve lá a CGTP, que nunca está para acordo estratégico nenhum, tirando isso todos os parceiros sociais acordaram nesta reforma, e o que está em agenda é a reversão dessa reforma“, referiu.

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Passos Coelho prosseguiu: “os membros do Governo e o ministro Vieira da Silva dizem que é para reequilibrar as coisas. Quando nós pensávamos que isto estava justamente muito desequilibrado e era por estar muito desequilibrado que o desemprego era grande, que os jovens não tinham oportunidades, que o mercado laboral não tinha o dinamismo suficiente e que o crescimento da economia não suportava a atração suficiente do investimento direto externo que nós precisamos para crescer”.

“Se vamos reverter também estas reformas, os resultados não vão ser bons para Portugal e se não forem bons para Portugal também não serão bons para a Europa, mas os mesmos que estão a preparar estas reversões serão aqueles que vão culpar o euro e o projeto europeu do fracasso da política económica que estará no final da rua desta decisão e desta orientação política”, considerou.

Em seu entender, “o futuro da Europa que queremos não é muito diferente do futuro da Europa que era desejado há 40 ou 50 anos quando todo este caminho começou: poder ter confiança no futuro, ver prosperidade e uma igualdade de oportunidades para que todos posam livremente, desde que respeitando a liberdade dos outros, fazer as suas escolhas, melhorar a sua situação, ter mobilidade para futuro, ter paz e segurança”.

Isso é essencial para combater os populismos mas, para isso, a Europa ainda tem de fazer reformas importantes e cada um que embarcou no projeto europeu, e foram sempre cada vez mais ao longo dos últimos anos, tem de assumir também as suas responsabilidades“, disse Passos Coelho.

Considerou que “a Europa do futuro a que estamos ligados depende e muito daquilo que soubermos fazer por nós próprios e pela Europa em conjunto e esse papel não se faz com demagogias faz-se muito pragmaticamente tomando as decisões de política que são necessárias, política económica, de política social, mas também na aposta dos valores e pelos princípios que nos orientam dentro da Europa. E a afirmação desses valores e desses princípios é hoje crucial para que a Europa que desejamos no futuro seja esta Europa de paz, de prosperidade e de confiança”.

O debate sobre o Futuro da Europa e o Plano Juncker foi organizado pelos eurodeputados Paulo Rangel e José Manuel Fernandes, no Palácio da Bolsa, no Porto.