O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje que Portugal não pode estar de costas viradas para Espanha e que tem de apostar no mercado ibérico e na cooperação transfronteiriça, em nome do desenvolvimento nacional.

“Durante séculos tivemos de estar de costas viradas para defender a nossa independência, mas hoje, felizmente, temos uma colaboração com Espanha completamente diferente. Somos vizinhos, somos amigos, somos parceiros na União Europeia e somos parceiros na Nato. Por isso não temos de estar de costas voltadas, pelo contrário nós temos de estar de cara virada para Espanha e perceber que temos mais a ganhar, crescendo com esse grande mercado ibérico, do que aquilo que temos a perder”, afirmou.

António Costa falava em Castelo Branco, durante uma visita às obras de reconversão de um edifício industrial para um centro de criatividade, deslocação enquadrada num périplo por algumas cidades para mostrar obras apoiadas por fundos comunitários.

Depois de salientar a importância que os fundos europeus têm para o desenvolvimento nacional, o primeiro-ministro também sublinhou que é necessário “mobilizar todos os recursos do País” e vincou o papel do Interior nesse desenvolvimento.

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António Costa lembrou que o território que tradicionalmente se apelida de Interior é a zona do País que está mais próxima da fronteira, e que facilitará a aposta nacional no mercado ibérico, o qual representa 60 milhões de habitantes.

“É a zona que está mais próxima do coração do mercado ibérico e que nos dá, por isso mesmo, uma nova dimensão, uma nova escala e uma nova ambição em que deixamos de olhar para nós como um pequeno país de dez milhões”, afirmou.

O chefe do Governo afirmou que é necessário “intensificar” a cooperação estratégica com o outro lado da fronteira e assumiu que essa visão implica “fazer ligações rodoviárias e ferroviárias”, o que aliás já tinha sido apontado pelo autarca local que tinha reivindicado a concretização do IC31, via que liga o distrito a Espanha.

António Costa não prometeu a obra, mas assumiu a necessidade das ligações, assim como de dotar todo território de fronteira “das melhores condições” para que aí se possa afirmar a base do crescimento que se perspetiva, no conjunto do mercado ibérico.

“É a partir destas cidades de toda a raia que nós conseguiremos construir a dinâmica de recuperação e desenvolvimento do conjunto do nosso País”, apontou.