Nos próximos dias, as temperaturas no Ártico deverão ultrapassar os valores normais para esta altura do ano. Esta subida, inédita, está a ser causada pelo aumento crescente da temperatura no Polo Norte (registado pelo segundo ano consecutivo) e que os cientistas consideram ter sido provocada pelas emissões de gases com efeitos de estufa para a atmosfera.

De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA) norte-americana, citada pelo jornal The Guardian, as temperaturas máximas no Ártico poderão ultrapassar as previstas para o Canadá nos próximos cinco dias, atingindo um valor bem acima do normal para esta altura do ano (20 graus celsius) e ultrapassando a temperatura de congelamento da água.

Segundo um relatório da NOAA, apresentado este mês de dezembro na reunião anual da União Americana de Geofísica, as temperaturas sem precedentes têm vindo a provocar um atraso no congelamento da água do mar, levando ao derretimento do gelo polar na Gronelândia, uma das zonas mais afetadas. Os efeitos do nível anormalmente baixo de gelo podem ser sentidos até no Oceano Índico e com o passar do tempo poderão estender-se a todo o planeta.

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Gráfico que mostra a diminuição de gelo na Gronelândia. Fonte: NOAA

Raramente vimos o Ártico mostrar sinais mais claros, fortes ou pronunciados de um aquecimento persistente e dos seus efeitos no ambiente”, disse Jeremy Mathis, diretor do Programa de Investigação do Ártico da NOAA, que esteve presente durante a reunião.

Os cientistas estão cada vez mais certos de que este aumento se deve às alterações climáticas. Recentemente, uma equipa da Universidade de Melbourne, na Austrália, comparou diferentes simulações do mundo natural, com e sem a influência da emissão de gases de estufa, e concluiu que “as temperaturas registadas no Ártico em novembro e dezembro” não poderiam acontecer num ambiente “onde a influência humana foi removida”.

De acordo com o estudo, coordenado por Andrew King e citado pelo The Guardian, as temperaturas registadas este ano no Ártico tornar-se-ão cada vez mais comuns deixando de ser consideradas um evento “raro”. Segundo os cientistas, a partir de 2040 serão recorrentes, esperando-se que aconteçam de dois em dois anos.

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