O primeiro-ministro anunciou, esta segunda-feira, que o Governo português vai adotar um programa de facilitação de vistos destinado a jovens indianos, o “Startup Visa”, abrangendo universitários empreendedores em startups ou em setores ligados às tecnologias de informação. António Costa referiu-se a esta medida, num encontro de startups (empresas em início de atividade) portuguesas e indianas no Instituto Tecnológico de Bangalore, no qual também discursaram o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros da Índia, Shri Akbar.

Durante o evento, foi assinado um acordo entre o Startup Portugal e a Invest India para promover um ambiente de negócios mais favorável entre os dois países; estabelecer orientações conjuntas para as startups; promover uma cooperação entre investidores, universidades, incubadoras, consultores e o governo português e indiano para tornar mais robusto o ecossistema de startups nos dois países, apoiar as empresas durante o seu ciclo de vida, com especial enfoque em questões como a obtenção de investimento, expansão de mercado, aconselhamento de negócios, comercialização de tecnologias, entre outros.

O secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, explicou à agência Lusa que os jovens indianos já dispõem destas facilidades de instalação em Londres (Reino Unido) e em Silicon Valley (Califórnia, Estados Unidos) e a ideia é permitir que Portugal possa assumir-se como um novo polo de opção. O “Startup Visa” foi desenhado para ajudar quem quiser lançar uma empresa em Portugal, facilitando o seu acesso e estadia no país.

João Vasconcelos explicou ainda que “mais de 700 empreendedores viajaram da Índia para Portugal para participarem na Web Summit, em novembro. Isto ajudou-nos a perceber como Lisboa se está a tornar uma cidade tão competitiva como Londres ou São Francisco, quando o assunto é escolher outro páis para lançar uma empresa”.

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Neste terceiro de seis dias de visita oficial à Índia – em que Costa já por duas vezes foi vestido com o traje de honra tradicional do Estado de Karnataka (turbante, colar de flores, capa e bengala) -, o líder do executivo português manifestou a intenção de dar continuidade à forte presença registada por jovens indianos de startups na última Web Summit em Lisboa.

“Estamos a preparar um startup visa destinado a empreendedores indianos e a jovens quadros graduados na área das tecnologias de comunicação e informação. Tal facilitará a possibilidade de residirem e iniciarem negócios em Portugal”, salientou António Costa.

A Índia, de acordo com estimativas de diversas instituições internacionais, é já o terceiro país mundial em termos de número de startups. Depois de assinado um memorando de entendimento entre a Startup Portugal e a Startup Índia, o primeiro-ministro deixou um apelo para que os jovens indianos tirem partido desta medida de facilitação de vistos.

“Portugal tem uma longa tradição de tolerância e de abertura ao mundo, algo que tem sido reconhecido internacionalmente. A capacidade de interação entre pessoas de diferentes origens, culturas e religiões faz parte do DNA de Portugal”, sustentou o primeiro-ministro. Na sua intervenção, o primeiro-ministro referiu-se igualmente a medidas já em curso no país, como o programa Startup Portugal, destinado a jovens empreendedores.

“Penso que Portugal é o país ideal para vocês testarem as vossas inovações, eventualmente falharem e testarem de novo até serem bem sucedidos. Fui testemunha da atmosfera vibrante que se registou durante os dias de Web Summit em Lisboa – uma cidade que tem como lema construir pontes e não muros”, apontou ainda António Costa.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros da Índia fez uma intervenção que mereceu longos aplausos de uma plateia sobretudo composta por jovens empreendedores. “Este é o momento de anunciar a mais relevante startup do mundo: A startup entre Portugal e a Índia”, disse Shri Ansari. O membro do executivo indiano defendeu que não se está “perante um dicionário de palavras” sem consequências práticas e manifestou-se confiante que a parceria entre Portugal e a Índia “marcará as primeiras décadas do século XXI”. “O navegador português não sabe o que esperar, mas sabia que tinha de começar. No presente, se nós subestimamos sempre aquilo que podemos fazer num ano, então nem sequer conseguimos imaginar o que podermos fazer numa década”, declarou, recebendo de novo palmas.