Oymyakon, na Rússia, é a região habitada mais fria do planeta e os seus cerca de 920 habitantes desafiam todos os dias duras condições climáticas para sobreviver. Nos últimos dias a aldeia, na zona este da Sibéria, tem visto as temperaturas atingir recordes, chegando a 70 graus Celsius… abaixo de zero.

No site oficial de turismo da região, oymyakon.ru, podem ler-se várias informações sobre o local e dicas para se conseguir sobreviver num local onde o frio congela tudo, desde as lágrimas, ao cabelo e tudo o que não está protegido. Ainda assim, aquele lugar atrai, em média, cerca de 400 turistas por ano.

São vários os documentários realizados no lugar inóspito na República de Sakhe e muitas as suas curiosidades, como o facto de um funeral demorar três dias para acontecer porque se tem de fazer fogo no chão para descongelar o solo.

A cidade fica a poucas centenas de quilómetros do Círculo Polar Ártico e no inverno há pelo menos um mês em que as crianças não vão à escola. Só quando as temperaturas rondam os -49 ° C é que podem brincar no exterior, mas nunca mais de 20 minutos. E se a população não precisa, por exemplo, de frigoríficos, deparam-se com um problema na lide doméstica quando têm de secar a roupa. Qualquer peça de vestuário deixada ao relento congela imediatamente.

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Os aviões não têm autorização para sobrevoar esta área durante o inverno quando se registam temperaturas a rondar os -60 ° C e, este ano, os voos foram mesmo todos cancelados até começar a primavera. A cidade mais próxima, Yakutsk, fica a 929 quilômetros, mas no mesmo distrito há cinco outras vilas que perfazem, no total, cerca de cinco mil habitantes. O inverno começa em outubro com os termómetros a assinalar entre o -15 a -20 graus e estende-se ao longo de cinco meses. Os dias contam com apenas cinco ou seis horas de luz. A partir de maio o clima muda e o calor chega e em julho, o mês mais quente, os termómetros podem chegar aos 34 ° C.

Mas e como se aquecem com um inverno tão rigoroso? Para além de andarem super protegidos com roupas adequadas, o aquecimento nas casas é disponibilizado através de uma central térmica a carvão que funciona 24 horas por dia. Tal permite, por exemplo, que a água chegue às habitações e não congele nos tubos. A população desta região vive, sobretudo, da extração de minério, nomeadamente ouro e metal. A criação de gado é outra das atividades dos habitantes desta região gelada.

Em 2015, fotógrafo neo-zelandês, Amos Chapple, viajou para Oymyakon e fotografou a realidade da cidade. O inverno mais rigoroso de Oymyakon aconteceu no ano de 1924, quando se registaram -71,2 graus.