*#$?%&!”@¨*<{§~ O que é isto? É a linguagem indecifrável de tantas figuras do nosso contentamento, entre o R2D2 da Guerra das Estrelas, a professora do Charlie Brown e, vá, o capitão Haddock do Tintim.
*#$?%&!”@¨*<{§~ O que é isto? É o Porto da primeira parte na Amoreira (e em Tondela) (e em Setúbal) (e no Restelo) (e em Paços). Estamos em Janeiro e o FCP continua a jogar sem critério até ao intervalo. Fora do Dragão, atenção. Para ponto de partida, é bom apresentar o vistoso currículo portista na Amoreira, onde não perde há 13 jogos, desde 1977 (daí para cá, sete vitórias e seis empates). Mais uma achega, o Porto só marca uma vez nos últimos sete jogos fora (o 4-0 na Feira). Uyyyyy, danger zone. E o Estoril? Sem pontuar há seis jornadas seguidas, o pior recorde de sempre.

Sai o Estoril com a bola e o tempo passa passa passa passa sem que alguém remate à baliza. Seja de Moreira, seja de Casillas, que pobreza. Sim, o Porto ganha em todas as disciplinas: posse de bola, pontapés desviados, eficácia de passe e dribles. E então? Falta de velocidade, ideias e entrosamento. Zero-zero em toda a linha (é o primeiro nulo entre os dois clubes desde 1994). Se a segunda parte for igual, mudamos mazé de canal para o Senegal-Camarões da Taça das Nações Africanas. Por falar nisso, o argelino Brahimi está de regresso e substitui Diogo Jota aos 36 minutos. Uma substituição táctica, a mais madrugadora possível.

A segunda parte demora a arrancar por culpa dos petardos lançados pelos adeptos do Porto para a área de Moreira e o guarda-redes do Estoril até é assistido pelo seu médico. Adiante, sai o FCP. E nada de Estoril, completamente encostado às cordas. Felipe (46′) e André Silva (53′) arriscam o 1-0, só que falham o alvo. Aos 55′, Felipe acerta na bola meio sem querer e, aleluia, eis o primeiro remate enquadrado com a baliza. Moreira encaixa na boa. Onze minutos depois (66′), uma ideia peregrina de Nuno: tirar dois afuniladores (Herrera + Óliver) e substitui-los por um extremo (Corona) e um avançado (Rui Pedro). Agora sim, o Porto vai ocupar o campo todo.

A mudança de atitude é imediata e Rui Pedro chega ao golo, prontamente anulado (e bem) pelo árbitro. O passe de Brahimi é magnifico, a conclusão eficaz. O problema é a lei do fora-de-jogo. Os adeptos portistas voltam a manifestar-se através de petardos e o jogo é novamente interrompido por breves momentos. O Porto desorienta-se, o Estoril endireita-se. Vai daí, Casillas faz uma defesa. Uauuuuu. O arrojado estorilista é André Claro, com um pontapé de fora da área, aos 74′.

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Entram-se nos últimos 10 minutos e já há 5-2. Em carrão amarelos, está bom de ver. Aos 81′, o resultado aumenta para 6-2. Diogo Amado perde uma bola no seu meio-campo, André André recupera e entrega para Brahimi, cuja desmarcação para André Silva é primorosa. O avançado avança e é derrubado por Moreira. O keeper diz “tirei as mãos” ao árbitro. Errrr, nem por isso. Moreira estica as mãos e toca em André Silva. O próprio encarrega-se de marcar o penálti, o primeiro de sempre do Porto na Amoreira. Guarda-redes para um lado, bola para o meio. Um-zero e o Benfica a um ponto.

Em desvantagem, o Estoril faz entrar Bazelyuk. É o último cartucho de Carmona, o treinador espanhol com cinco-quase-seis derrotas seguidas no campeonato. Ninguém se apercebe dessa mudança táctica. O Porto agiganta-se e Moreira evita o 2-0 de André Silva (87′). Aos 90’+1, e depois da justa expulsão de Diakhité por duplo amarelo (89′), André Silva roda sobre si próprio no meio-campo e estende a passadeira para Corona. O mexicano liga o turbo, deita João Afonso dentro da área e marca com o pé esquerdo. Classe.

Tudo resolvido. Ou não? Aos 90’+3, André Silva (sempre ele) corta um lance na sequência de um livre do Estoril na esquerda e o ressalto vai parar a Dankler, cujo toque com a parte de fora do pé direito é primoroso. Casillas volta a sofrer um golo fora do Dragão, desde o 2-1 do sportinguista Slimani em Agosto. E agora, e agora? Dankler vê o 11.º cartão amarelo de Manuel Oliveira, por falta sobre o irrequieto Brahimi. Acaba o jogo e nem há foguetes. Tssss tssss, estes adeptos são mesmo *#$?%&!”@¨*<{§~.

Estádio António Coimbra da Mota, no Estoril
Árbitro: Manuel Oliveira (Porto)
ESTORIL: Moreira, Mano (Dankler 76′), João Afonso, Diakhité, Ailton; Taira, Diogo Amado, Mattheus, Tocantins (Bruno Gomes, 67′), Kléber (Bazelyuk, 84′) e André Claro
Treinador: Pedro Carmona (espanhol)
FC PORTO: Casillas; Maxi, Felipe, Marcano e Alex Telles; Danilo, André André, Herrera (Corona, 66′) e Óliver (Rui Pedro, 66′); Diogo Jota (Brahimi, 36′) e André Silva
Treinador: Nuno Espírito Santo (português)
Marcadores: 0-1, André Silva (82′ gp); 0-2, Corona (90’+1); 1-2, Dankler (90’+3)
Indisciplina: expulsão de Diakhité (89, duplo amarelo)