A ministra da Educação de Moçambique disse esta segunda-feira que a situação está normalizada nas zonas onde se registaram conflitos entre as Forças de Defesa e Segurança e a Renamo, garantindo que as escolas que foram encerradas estão em funcionamento. “Todas as escolas que foram fechadas devido a esta situação foram reabertas e, felizmente, as coisas decorrem na maior normalidade”, disse à Lusa a ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Conceita Sortane, à margem de uma cerimónia de doação de livros em Maputo.

Dados oficiais avançados no início do ano indicavam que cerca de 20 mil alunos das províncias do centro de Moçambique ficaram em risco de falhar os exames finais em novembro do ano passado devido à insegurança militar na região centro do país. Os conflitos entre as Forças de Defesa e Segurança e braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, condicionaram as aulas de milhares de alunos, encerrando dezenas de escolas, sobretudo nos principais pontos do conflito, nas províncias de Manica, Zambézia e Sofala.

Para a ministra da Educação de Moçambique, apesar de o início do presente ano letivo ter sido marcado por algum medo nas antigas zonas de conflito, o alcance e posterior prolongamento da trégua entre as partes “devolveu a esperança” aos moçambicanos e já é possível ver as escolas novamente cheias nestas regiões, funcionando normalmente. “A trégua foi o momento mais marcante para nós”, frisou Conceita Sortane, destacando que a paz e estabilidade são condições elementares no quadro das estratégias do Governo para o setor da educação.

“Cremos que a paz tenha vindo para ficar. Isto para o bem, não só dos nossos alunos, como também para o bem de toda a população”, declarou a governante, apelando para o envolvimento de todos para o alcance de uma paz definitiva.

Moçambique conheceu nos últimos anos uma crise política e militar, marcada por confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado do maior partido de oposição, que revindica vitória nas eleições gerais de 2014 e exige governar em seis províncias. Em finais de dezembro, como resultado de conversas telefónicas com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, declarou uma trégua de uma semana como “gesto de boa vontade”, tendo-a prolongado por duas vezes para dar espaço às negociações, que agora estão centradas na descentralização e nos assuntos militares, principais pontos da agenda.

No início de fevereiro, o Presidente moçambicano anunciou o fim da fase que envolve a mediação internacional no processo negocial e, poucos dias depois, divulgou os nomes das individualidades que vão discutir estes dois pontos de agenda. Os dois grupos têm a missão de dar seguimento ao trabalho iniciado no processo negocial anterior, que integrava uma equipa de medição internacional, e os primeiros contactos já estão a ser estabelecidos, num processo que será acompanhado por seis embaixadores acreditados em Maputo e o representante da União Europeia em Moçambique, a convite do próprio Presidente moçambicano.

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