Enquanto subia ao palco para receber um prémio pela defesa dos direitos dos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero), Katy Perry falou sobre a sua educação cristã e sobre a forma como foi ensinada a rezar para se afastar da homossexualidade. Num discurso emotivo, a cantora de 32 anos aceitou o Prémio Nacional da Igualdade, na Gala da Campanha dos Direitos Humanos de 2017, na noite de sábado, conta o The Guardian.

A cantora falou sobre a sua música ‘I kissed a girl and I Liked it’ (‘Eu beijei uma rapariga e gostei’) e descreveu-se como sendo uma mera compositora de músicas. “Nestas pequenas canções pop eu escrevo algumas realidades, mas pinto também as minhas fantasias, como por exemplo na música ‘I kissed a girl and I liked it'”, disse a cantora. A música foi lançada em 2008 e, na época, criou alguma controvérsia. Havia quem dissesse que a música era humilhante para a comunidade gay.

Mas foi também neste discurso que Katy Perry admitiu que a música foi baseada na sua própria experiência real. “Para ser honesta, eu fiz mais do que apenas isso [beijar uma mulher]. Mas como é que eu conseguiria conciliar isso com a rapariga que cantou o evangelho em coros e que foi criada dentro de grupos de jovens católicos que eram como campos de conversão? A única coisa que sabia era que estava curiosa e que a sexualidade, na época, não era tão ‘a preto e branco’ como este vestido”, contou.

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Chad Griffin, o presidente do evento, afirmou numa declaração que a cantora utilizou a sua “poderosa voz e fama internacional para se fazer ouvir no que diz respeito à igualdade das comunidades LGBT. A sua oratória convincente, desde o palco até às presenças em campanha tiveram um profundo efeito na vida da comunidade LGBT, especialmente entre os jovens. A mensagem de Katy sobre a inclusão e a igualdade continua a ser uma inspiração para todos nós e para o mundo”, afirmou Chad Griffin, citado pelo The Guardian.

Assim, a maior parte da minha adolescência inconsciente foi a rezar para que os gays ficassem longe do meu campo de Jesus”, disse a cantora no discurso.

“As minhas primeiras palavras foram ‘mamã’ e ‘papá, ‘Deus’ e ‘Diabo’. Enquanto crescia, a homossexualidade era sinónimo de ‘abominação’ e ‘inferno’, um local de fazer ranger os dentes, onde a pele era constantemente queimada e onde, provavelmente, o Mike Pence estaria na lista de convidados para um churrasco final.

“No meio de tudo isso, numa viragem de eventos, eu encontrei a minha dádiva. E o meu presente apresentou-me a pessoas que estavam fora da minha bolha. E aí a minha bolha começou a rebentar.E estas pessoas não eram nada parecidas ao que me ensinaram a temer. Elas eram as pessoas mais livres, fortes, queridas e inclusivas que eu alguma vez tinha conhecido”, afirmou ainda a cantora, concluindo que “não se pode escolher a família, mas pode-se escolher a tribo com quem se anda”.

Katy Perry reforçou que a maior parte das pessoas com quem trabalha e em quem mais confia fazem parte da comunidade LGBT e que foram essas mesmas pessoas que mais a ajudaram a ser o que é hoje. Para concluir o seu discurso, a cantora fez um apelo para que se continue a lutar pela igualdade.

Na sua conta oficial de Twitter, Katy Perry partilhou alguns dos momentos mais marcantes do seu discurso:

Ainda no Twitter, a conta da Campanha dos Direitos Humanos agradeceu a Katy Perry por dar voz à defesa da comunidade LGBT, afirmando que a cantora é uma verdadeira inspiração.