O presidente da câmara municipal do Porto afirma ter sido uma “enorme surpresa” o facto de fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro ter dito que este tentou que a Agência Europeia do Medicamento (EMA) ficasse no Porto e que este só mudou a posição depois da comissão da candidatura portuguesa se ter deslocado ao Reino Unido para analisar as condições de sucesso nesta corrida.

Para desmascarar a fonte do gabinete de Costa, Rui Moreira lembra que esse organismo nacional chama-se precisamente Comissão de Candidatura Nacional para a instalação da Agência Europeia do Medicamento na cidade de Lisboa“.

Rui Moreira lembra que esta comissão foi, aliás, constituída através da resolução de Conselho de Ministros 75/2017, a 27 de abril e acrescenta que o mesmo documento estabelece que “o Governo decide candidatar a cidade de Lisboa.” O autarca revela ainda: “Desde 27 de abril, falei várias vezes e encontrei-me com o Senhor primeiro-ministro e nunca este me referiu este assunto ou pediu colaboração“.

O presidente da câmara do Porto destaca ainda que “as únicas razões invocadas pelo senhor primeiro-ministro, em carta que recebi a 11 de junho, esta semana, portanto, são a localização do Infarmed em Lisboa e a futura criação de uma escola europeia. Nenhum destes argumentos é agora citado pelo Gabinete do senhor Primeiro-Ministro.” Além disso, garante Rui Moreira, “nem a Câmara do Porto, nem o seu Gabinete de Investimento Invest Porto foram contactados ou convidados a contribuir com qualquer informação técnica ou outra para esta comissão ou para qualquer outra avaliação.”

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Rui Moreira deixa ainda três razões para que a EMA vá para o Porto:

  1. O Porto tem um excelente aeroporto internacional, não congestionado, com boas ligações à Europa, em alguns casos, melhores até do que Lisboa, como é o caso de França.
  2. O Porto tem escolas de língua estrangeira oficiais e privadas em alemão, inglês e francês.
  3. Não conhecemos qualquer avaliação que a dita comissão tenha feita acerca do edificado público e privado da cidade do Porto. Com a Câmara nunca falou, nem sequer através do Portugal IN, instrumento criado pelo próprio Governo para apoiar a atração de investimentos localizados no Reino Unido.

Esta quinta-feira fonte oficial do Governo tinha dito à Agência Lusa que o primeiro-ministro defendeu até ao “último momento possível” a candidatura do Porto para sede da Agência Europeia do Medicamento, mas a comissão de avaliação nomeada pelo Governo concluiu que Lisboa oferecia maiores garantias de êxito na corrida.