Francisco J. Marques, diretor de comunicação e informação do FC Porto, voltou esta noite à carga no caso dos emails do Benfica, explicando no programa Universo Porto de Bancada, do Porto Canal, que não ficou proibido de revelar mais correspondência depois de ter entregue à Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária todos os emails e restante documentação referentes às acusações que o clube tem feito em relação ao Benfica. E até lançou um repto aos encarnados: “Se querem tanto resolver o caso, que cedam os originais. Que a Polícia Judiciária possa obter na Luz tudo o que foi cedido por mim. A Polícia Judiciária já sabe tudo sobre como obtive esses emails, mas não sei se o que cedi servirá de prova depois. Não sei, não sou jurista”.

Não fomos intimados nem fomos alvo qualquer tipo de busca e a Procuradoria Geral da República devia esclarecer isso. Não me posso pronunciar sobre o que está agora no processo e do que está em segredo de justiça. Da nossa parte, estamos disponíveis para colaborar no que podemos, que é partilhar informação que temos e que venhamos a ter. À medida que nos chegue nova informação, o nosso compromisso é de entregarmos tudo o que nos chegue. O segredo de justiça impede pessoas que são parte do processo de divulgarem material obtido através desse mesmo processo, mas nós já tínhamos conhecimento prévio. Não vamos revelar algumas coisas para dar oportunidade à investigação, mas não estamos impedidos de revelar o que quer que seja“, argumentou.

FC Porto já entregou todos os emails à Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ

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“Não imaginava que isto atingisse estas proporções porque é o maior escândalo do futebol português. Já expusemos muita coisa, mas o maior está para vir“, anteviu antes de assegurar que tem na sua posse “centenas de cartilhas” se for necessário mostrar e de revelar mais emails ligados ao caso do alegado envio de SMS de Fernando Gomes, ex-líder da Liga de Clubes e atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol, por parte de Carlos Deus Pereira, antigo presidente da Assembleia Geral da Liga, para Pedro Guerra.

A troca de emails entre Carlos Deus Pereira e Pedro Guerra

“Na semana passada revelámos um email do Carlos Deus Pereira para Pedro Guerra. O Benfica disse que já se sabia, que tinha sido publicado num jornal etc. Mas na altura falou-se numa mensagem. Só uma. Nesse email enviou mais de 100 mensagens. E até podíamos admitir que Pedro Guerra não viu esses emails, mas a verdade é que Carlos Deus Pereira enviou mais, muitos mais emails a Pedro Guerra“, disse Francisco J. Marques.

Desta vez, o responsável azul e branco leu uma série de emails a propósito da convocatória de uma Assembleia Geral que serviria para destituir o ex-presidente Mário Figueiredo, bem como o requerimento apresentado pelos clubes. “Só informou os clubes quatro dias depois. Carlos Deus Pereira não cumpre os mínimos para ser porteiro da Liga sequer, não é sério. Estava ao serviço do Benfica, como Mário Figueiredo”, disse, antes de deixar uma espécie de aviso ao atual diretor de conteúdos da BTV: “Sabem o que significam gigas? O melhor está para vir”.

Caso dos emails. FC Porto acusa Benfica de monitorizar mensagens SMS de Fernando Gomes

“E é verdade que Pedro Guerra recebeu emails da vida privada dos árbitros enviados por Nuno Cabral, que não revelamos aqui porque é um assunto muito delicado que envolve árbitros, pessoas ligadas à arbitragem e coisas dessas. Estamos em condições de confirmar a sua existência mas não revelamos. Foi entregue à Polícia Judiciária. Um dia, não sei quando, isto vai ser tudo público porque o processo vai ser público. Tenho muita pena que a vida privada de algumas pessoas mais tarde ou mais cedo venha a ser exposta mas acho que não há volta a dar porque está no processo. Existe tudo isso e com fotografias“, frisou ainda.

“Anda-se a criar um polvo e depois faz-se bruxaria?”

Por fim, Francisco J. Marques falou de um caso “que não terá gravidade de outras situações, mas não deixa de ter muita piada”: o diretor de comunicação do FC Porto leu uma alegada troca de emails entre Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, e Armando Nhaga, Comissário Nacional da Polícia da Guiné-Bissau. “Sabem o que era este contrato falado e todos estes valores previstos? Isto tinha a ver com bruxaria”, comentou.

“No dia 6 de fevereiro de 2017, o Armando Nhaga enviou um email a Luís Filipe Vieira. ‘Gostaria de, na qualidade de sócio número 165.550 do SLB chamar a atenção para a sabotagem preparada para o Benfica não ser tetracampeão por uma simples razão. Na temporada de 2015/16, assinámos acordo de prestação de serviços, no qual o dr. Rui Gomes da Silva foi intermediário e que resultou na conquista do tri. Segundo informação, o senhor presidente congratulou-se com a nossa prestação de serviço, o que levou a aceitar renovação de acordo para esta temporada. Acontece que Rui Gomes da Silva não conseguiu integrar a nova direção do Benfica, resolvendo pura e simplesmente de intermediar-nos com sua excelência e nem sequer informou que o acordo não tinha sido assinado. Continuámos a trabalhar e só não fizemos dois jogos, com o Moreirense na Taça da Liga e com o V. Setúbal, que resultaram em duas derrotas. Assim, solicitamos que indique um novo intermediário com o maior sigilo que permita que o acordo seja assinado e o Benfica consiga ser tetracampeão, ganhe a Taça e siga na Liga dos Campeões. Acredite em nós, já demos provas e o Rui Gomes da Silva só quer ver desgraças ao Benfica'”, começou por dizer, antes de explicar o resto da história.

Luís Filipe Vieira responde alegadamente ao email, dizendo que não sabia nada disso mas que poderia marcar reunião no Benfica. No dia 14 de fevereiro, Armando Nhaga terá enviado os pressupostos para o acordo com os valores previstos por cada competição desportiva: 5.000 euros pela vitória na Supertaça; 100.000 euros pela vitória no Campeonato; 10.000 euros por cada vitória na fase de grupos da Champions; 30.000 por cada vitória na fase a eliminar da Champios; 1.000 euros por cada vitória em jogos da Taça de Portugal e da Taça da Liga; e 5.000 euros pela vitória na final da Taça de Portugal e da Taça da Liga.

Mais tarde, após a derrota por 4-0 na Alemanha, Luís Filipe Vieira terá perguntado o que se passou para a eliminação, com Armando Nhaga a responder que estava ausente na Guiné e quem devia ter tratado disso não o fez no devido momento porque o mestre em Lisboa recebeu a comunicação demasiado tarde e não 48 horas antes. “Em 2015/16, o Benfica gastou 75 mil euros pelo Campeonato“, disse o diretor de comunicação do FC Porto, ao mesmo tempo que mostrava o contrato que tinha sido assinado nessa mesma temporada, explicando que o mestre em causa se chamava Tito Sagna.

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Estamos a falar de bruxaria com contrato por objetivos. Foram muitos mil euros que o Benfica pagou. Isto põe em causa o treinador, os jogadores, mas também o Paulo Gonçalves e o Pedro Guerra. Anda-se a criar um polvo para quê? Cria-se este monstro que tudo permite ao Benfica e nada aos outros e depois faz-se bruxaria? Há gente que para ganhar vale mesmo tudo”, rematou Francisco J. Marques.