“Gru — O Maldisposto 3”

Eis a terceira longa-metragem animada digital da série “Gru”, dos estúdios Illumination Entertainment, agora com o trio Pierre Coffin, Kyle Balda e Eric Guillon na realização. As coisas estão complicadas para o ex-vilão Gru, agora agente da Liga Anti-Vilões, juntamente com Lucy, a sua mulher, porque ambos são despedidos por não terem conseguido capturar o pirosíssimo supervilão Balthazar Bratt, uma antiga estrela infantil de televisão que viu a série que protagonizava nos anos 80 ser cancelada quando começou a crescer. Despeitado, Bratt, que fazia o papel de um jovem supervilão, tornou-se num a sério e conseguiu roubar o diamante mais precioso do mundo.

Gru não quer voltar a ser um vilão e vai à procura de emprego, enquanto Lucy fica em casa a tratar das crianças, Margo Edith e Agnes, e muitos dos Minions despedem-se. Gru descobre então que tem um irmão gémeo, o riquíssimo Dru, e que Brett quer destruir Hollywood para se vingar do cancelamento da série. A confusão está assegurada, até porque os Minions continuam na jogada. Steve Carell e Kristen Wiig asseguram de novo as vozes de Gru e Lucy, Trey Parker dá a sua a Balthazar Bratt e Julie Andrew faz a da mãe de Gru e Dru.

“Mãe Rosa”

O filipino Brillante Mendoza, capaz do medíocre (“Serviço”) como do muito bom (“Lola”, “Cativos”), segue as pisadas do seu compatriota e marco de referência, o falecido Lino Brocka, com “Mãe Rosa”, que mergulha no caos promíscuo e imundo dos bairros pobres de Manila. Rosa (Jaclyn Jose, prémio de Melhor Actriz em Cannes 2016) e o marido, Nestor, têm uma lojeca de conveniência onde também vendem droga. Alertada por uma denúncia, a polícia faz uma rusga, prende o casal, apreende o produto, fica-lhes com o dinheiro e pede um suborno para os libertar. Rosa e os três filhos mais velhos têm que ir para a rua arranjar a soma pedida, recorrendo a tudo, desde a prostituição aos penhores.

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Mendoza filma este enredo passado no fim da longa cadeia da corrupção nas Filipinas (polícias boçais de esquadra de bairro popular, pequenos fornecedores e passadores de droga) num estilo naturalista feio, sujo e bruto, com uma câmara à mão que segue incansavelmente os protagonistas por toda a parte, e enfatizando a “normalidade” da corrupção policial e o desespero resignado dos que a sofrem. Não há alternativa, não há saída nem há redenção, neste filme esquálido que nunca se torna miserabilista.

“Paterson”

Paterson é uma cidade do estado americano de New Jersey, com cerca de 145 mil habitantes. É o título de um longuíssimo poema de William Carlos Williams, influenciado por “Ulisses”, de James Joyce, e uma resposta a “The Waste Land”, de T.S. Eliot, publicado em cinco volumes, entre 1946 e 1958, escrito enquanto o autor, que era médico pediatra, estava colocado no hospital de Passaic, mesmo ali ao pé de Paterson. E Paterson é também o nome do protagonista do filme homónimo de Jim Jarmusch, placidamente interpretado por Adam Driver com o seu ar equino e pachola.

Paterson é condutor de autocarros, tem uma mulher iraniana hipercativa e carinhosíssima, Laura, que quer ser cantora “country” e pinta círculos em tudo, da roupa aos “muffins” que cozinha, tem um buldogue, Marvin, que só obedece à mulher, e escreve poesia, que só mostra à mulher. O seu poeta preferido, tal como o da mulher, é Williams Carlos Williams. “Paterson” é uma comédia “cool” e “zen” como só Jim Jarmusch as sabe fazer, anti-“slapstick”, casual, subtilmente poética e excêntrica. Foi escolhida pelo Observador como filme da semana, e pode ler a crítica aqui.