O que é que um hostel em Berlim, um salão para eventos em Sófia e um estúdio de produção de som em Varsóvia podem ter em comum? Aparentemente, e entre várias coisas, o mesmo proprietário: Kim Jong Un. De acordo com a Bloomberg, o líder da Coreia da Norte detém imóveis em vários pontos da Europa e tem retirado rendimentos do seu aluguer a negócios como estes sem que isso seja do conhecimento público.

O negócio destes alugueres acontece em várias cidades através de acordos com as embaixadas norte-coreanas., sendo os lucros depois canalizados para financiar o regime. O problema, recorda a Bloomberg, está no facto de estes acordos violarem as resoluções das Nações Unidas e, apesar de alguns governos estarem a tentar travar esses contratos, os negócios continuam de portas abertas e as rendas a serem pagas.

Alemanha, Bulgária ou Polónia. É por estes países que a Coreia do Norte tem propriedades, algumas bastante espaçosas, “em seu nome”. Todos eles garantem à organização liderada agora por António Guterres que estão a tomar ações para que as embaixadas deixem de alugar as instalações em causa – mas a tarefa pode ser mais complicada do que parece, em parte porque esses países também têm as suas embaixadas na Coreia do Norte.

Em Berlim, a embaixada norte-coreana aluga propriedades pelo “Cityhostel Berlin”. Este hostel garante que a lei de arrendamento está em “conformidade com a lei alemã” e que as alegações não passam de “suspeitas falsas e sem fundamento”. Já o ministério das Relações Exteriores da Alemanha diz que aplicar sanções da ONU e da União Europeia é uma preocupação importante. Em comunicado sobre o hostel, dizem que “aplicam as possibilidades legais que estão disponíveis”.

Em Sófia é a antiga residência do embaixador norte-coreano que estará a ser alugada à Terra Residence, uma organizadora de eventos. E, também aqui, o governo búlgaro enfrenta dificuldades para travar os contratos de arrendamento com a embaixada. O país notificou os responsáveis diplomáticos e pediu que fossem tomadas as “medidas necessárias para parar o arrendamento dos imóveis”, em conformidade com as resoluções das Nações Unidas.

Não é possível determinar exatamente qual o rendimento que a Coreia do Norte ganha destas atividades das embaixadas. No entanto, Zang Hyoung-soo, professor na Universidade Hanyang que estudou a economia norte-coreana, acredita que só cerca de dez das suas 47 embaixadas são suficientemente relevantes para fazer dinheiro. Citado pelo Bloomberg, o professor explica que o líder norte-coreano “não paga aos seus diplomatas” e que “qualquer dinheiro feito nas embaixadas só é suficiente para fazer os pagamentos necessários para as embaixadas operarem”.

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