O novo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, volta a assegurar que pagou as viagens e os dois jogos da seleção a que foi assistir no Euro2016, há um ano. A garantia surge em entrevista à Renascença e ao Público numa altura em que estão a ser constituídos arguidos alguns políticos no âmbito de um inquérito do Ministério Público às viagens pagas pela Galp.
Nos casos de Hugo Soares e de Montenegro, a empresa em causa não é a Galp, já a suspeita é que as viagens para ver os jogos da seleção foram pagas pelo empresário Joaquim Oliveira. Os dois deputados do PSD negam, na quarta-feira à noite foi Montenegro a fazê-lo, e agora Hugo Soares explica-se nesta entrevista. “Eu assisti a dois jogos do Europeu, contratualizei com a agência de viagens com quem trabalho, paguei as viagens e os dois jogos, se houver uma investigação estou absolutamente tranquilo”.
O deputado repete uma outra vez que não viajou “a convite”: “Viajei às minhas custas, do meu bolso, paguei”. E recusa falar mais sobre o assunto, até porque “poderá haver um inquérito em curso – e ainda bem que o há, para que todas as coisas sejam esclarecidas”. E ainda explica porque escreveu ao presidente da Assembleia da República, há um ano, a alterar a justificação da falta que deu no Parlamento para falhar um plenário que calhou em dia de jogo. Nessa altura justificou a falta com “motivo de força maior”, tal como noticiou o Observador, mas depois alterou: “Depois de ter visto todas as notícias, não tinha cabimento naquela justificação… e foi apenas num dos jogos, porque o outro foi num fim-de-semana. E no imediato, quando percebi que tinha errado, fiz uma carta ao sr presidente da Assembleia da República para considerar a falta como injustificada”.
Numa altura em que chega à liderança da bancada do PSD, Hugo Soares fala também do futuro do partido, nesta entrevista, não acreditando que “um processo de sucessão possa vir a ser desencadeado”. E reafirma a sua lealdade ao atual líder do partido: “Tudo farei para que Passos Coelho volte a ser primeiro-ministro. No PSD não há ninguém melhor preparado para liderar o partido do que Passos Coelho e eu digo muitas vezes que também não há no país”. E diz que ainda não refletiu o que fará, se o líder do PSD mudar no próximo congresso do partido.
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Na mesma entrevista, o social-democrata mostra-se ainda otimista quanto às autárquicas e que o partido “vai recuperar câmaras ao PS e que o PS vai ter pior resultado do que teve em 2013”, quando conseguiu vencer em metade das câmaras municipais, ficando com a presidência da Associação Nacional de Municípios que, até aí, de um autarca do PSD.
Na luta parlamentar, o social-democrata identifica um adversário no presidente da Assembleia da República, dizendo mesmo que Ferro Rodrigues “desrespeita o órgão a que preside”. “Tem tido um conjunto de posições que são claramente partidárias”, diz em relação a Ferro — que numa entrevista à Antena 1 o elogiou. “O doutor Ferro Rodrigues não pode ter opiniões pessoais que coloquem em causa a separação de poderes como fez este fim-de-semana”, disse Hugo Soares em relação ao que Ferro disse sobre o Galgate e os ex-governantes constituídos arguidos. Mas mais do que este caso, o deputado critica as declarações de Ferro sobre a comissão independente ao incêndio de Pedrógão Grande, dizendo que o presidente da Assembleia da República “não pode desdenhar de forma absolutamente inacreditável de uma deliberação da Assembleia da República”. “Quem desdenha em causa própria desrespeita o órgão a quem preside”, afirma.