O Tesouro português emitiu esta quarta-feira 1.750 milhões de euros em dívida a seis e 12 meses, com taxas negativas recorde. Esta foi a primeira operação de financiamento no mercado desde que a agência S&P melhorou a notação de risco da Portugal, mas tratando-se de dívida de curto prazo os juros pagos estão mais dependentes da política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

O preço a que foram colocados os títulos a 12 meses pressupõem uma rendibilidade negativa de -0,35%, o que se compreende à luz do facto de o banco central manter a chamada taxa dos depósitos há vários meses em terreno negativo (-0,4%). Foram, também, colocados títulos a seis meses (500 milhões) a uma taxa negativa de -0,36%.

“Nesta operação, o país conseguiu as taxas mais baixas de sempre para estes prazos e ambas foram, mais uma vez, negativas. Era o que se esperava: depois da subida de rating (que coincidiu com alteração para o grau de investment grade) por parte da Standard & Poor’s e a perspetiva de estável para positiva por parte da Moody’s, a dívida portuguesa de longo prazo estreitou e o curto prazo está a ter o mesmo comportamento. Não é de estranhar, por isso, que tenha sido emitido o montante máximo previsto”, diz Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, em nota enviada às redações.

Estas emissões de dívida de curto prazo servem mais para renovar dívida que vai vencendo e não para suprir as novas necessidades de financiamento do Estado. Ainda assim, o facto de as taxas de juro implícitas estarem em queda há vários meses (para valores negativos) é um fator que ajuda a aliviar os custos de financiamento de Portugal.

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O IGCP, liderado por Cristina Casalinho, ainda não realizou qualquer emissão de dívida de longo prazo após a subida do rating, mas nos mercados os investidores já estão a negociar, entre si, títulos existentes a taxas mais baixas — o que faz antever que uma próxima emissão de dívida de longo prazo possa sair aos custos mais baixos dos últimos anos.

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