Se gosta de ver eventos desportivos ao vivo ou através de transmissões televisivas, convém que fique a saber que as emoções causadas por espetáculos como uma partida de futebol exigem trabalho suplementar ao seu coração. Nem sequer é necessário que seja um fanático de algum clube, daqueles que “sofrem” com todos os pormenores de um jogo. Pode estar confortavelmente sentado no sofá da sala a assistir e considerar-se um adepto descontraído, mas o ritmo cardíaco não vai deixar de aumentar.

Uma investigação realizada no Canadá, cujas conclusões foram divulgadas pelo jornal Telegraph, constatou que um encontro de futebol seguido na televisão impõe ao coração um stress tão intenso como aquele que é provocado por uma corrida rápida. O estudo indicou que o ritmo cardíaco mais do que duplica durante as oportunidades de golo ou quando chegam os minutos finais da partida, em especial nos períodos de descontos, quando a ansiedade aumenta. E esta situação afeta todo o tipo de adeptos, dos mais calmos aos mais fervorosos.

Os investigadores monitorizaram o ritmo cardíaco de diversos adeptos enquanto assistiam a partidas de hóquei no gelo, ao vivo ou através de uma estação de televisão. Para aqueles que se encontravam no recinto, os batimentos subiram 110%, em média. Nos casos de quem estava a ver o mesmo jogo na TV, o ritmo cardíaco subiu 75% em comparação com o nível normal. Esta verificação levou os autores do estudo a sugerirem aos médicos que avisem os fãs de desporto sobre os riscos que correm e a alertá-los para a necessidade de estarem atentos a eventuais sintomas.

Paul Khairy, investigador do Montreal Heart Institute, afirmou não ser o resultado de uma partida o fator decisivo para explicar a intensidade do stress emocional, mas “a experiência de excitação quando se assiste a grandes oportunidades ou a períodos do jogo de elevada intensidade”. Antes da realização do estudo, os participantes responderam a um questionário sobre o respetivo estado geral de saúde e em que era pedido que revelassem qual o grau de paixão com que apoiavam o clube de que eram adeptos e que estavam prestes a ver em atuação.

A “paixão clubística”, asseguraram os investigadores, não mexe tanto quanto se pensa com o ritmo cardíaco: a correlação não é “significativa”. A questão já é diferente quando as pessoas estão perante momentos dramáticos de um jogo, em especial quem se encontra num estádio a assistir ao vivo e em momentos como os descontos. Mas quem prefere ficar em casa, também não escapa ao aumento da probabilidade de sofrer um acidente cardiovascular. Resta saber se a cerveja e os tremoços potenciam ou atenuam o risco.

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