Isabel dos Santos, presidente da petrolífera Sonangol, considera que há um mundo a separar as realidades de Angola e Venezuela e que o seu país de origem nunca se tornará a próxima Venezuela. “São totalmente distintas, não têm nada em comum”, sublinhou a empresária.

Desafiada a responder sobre a influência crescente do financiamento chinês na economia dos dois países e os riscos que isso comporta, a filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos garantiu que o único aspeto em comum entre Angola e a Venezuela é o “clima”.

“É impossível comparar Angola com a Venezuela”, começou por dizer a líder da Sonangol. “São totalmente distintas, não têm nada em comum. É impossível comparar a experiência dos dois países com a China”, reiterou a angolana, num evento em Londres promovido pela Reuters.

Para Isabel dos Santos, aliás, “não há qualquer tabu” em relação ao peso do investimento chinês na economia angolana. “A China é o maior financiador mundial. Até as economias europeias estão a ser financiadas pela China. Não há qualquer tabu sobre sermos financiados pelos bancos chineses porque isso acontece em todo o lado”, defendeu a filha de José Eduardo dos Santos.

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Quanto ao futuro político de Angola, Isabel dos Santos descartou qualquer responsabilidade da sua família na condução dos destinos do país. “A minha família não tem necessariamente um papel. Não me reconheço como alguém que tem um papel a desempenhar no seio da família”, sustentou a empresária.

Confrontada com o problema da corrupção generalizada entre as elites políticas angolanas, Isabel dos Santos foi perentória: a corrupção é um “problema” no país, mas não é o único, nem está circunscrito a Angola.

A corrupção não é uma questão específica de um povo, ou de um país, é específico do ser humano. Depende da educação que se tem, da mãe, do pai, do professor”, argumentou.

Isabel dos Santos elogiou ainda João Lourenço, o novo Presidente da Angola que no discurso de tomada de posse prometeu corrigir alguns dos desequilíbrios estruturais da sociedade angolana. “O novo presidente teve uma abordagem muito boa, que é enfrentar os desafios, dizer o que podemos fazer sobre isso, quais são as coisas que devemos abordar”, sublinhou.