Muito se falou entre aquele chavão gasto destas alturas das “prendas no sapatinho” de Jorge Jesus neste mercado de Inverno. Ele era um médio versão Adrien para dar outra competitividade a essa posição específica (com a respetiva saída por cedência temporária de Petrovic ou Palhinha), ele era um novo ala com características de desequilibrador (com o respetivo empréstimo de Iuri Medeiros), ele era um avançado com o perfil de Alan Ruíz (com a respetiva saída do argentino). Era e até pode ser, mas o primeiro reforço assegurado pelos leões é um central: Marcelo, brasileiro de 28 anos do Rio Ave. E a única dúvida parece ser quando chegará a Alvalade.

Marcelo de carrinho a tentar roubar a bola a Danilo no Rio Ave-FC Porto desta época (FRANCISCO LEONG/AFP/Getty Images)

Em final de contrato com os vilacondenses, o defesa terá acertado em Coimbra, através de um encontro entre os seus responsáveis e dirigentes leoninos, um vínculo de três anos com mais um de opção a partir de julho de 2018. Todavia, a saída poderá dar-se já em janeiro, sendo que para isso terá de haver acordo entre Sporting e Rio Ave, envolvendo e/ou contrapartidas financeiras ou cedência de jogadores como já houve no verão com Francisco Geraldes. Tobias Figueiredo, Petrovic e Iuri Medeiros são as principais opções neste contexto.

Confirmando-se este segundo cenário, Jorge Jesus passaria a contar com mais uma alternativa a Coates e Mathieu com características distintas das que tem André Pinto, que chegou esta temporada a custo zero a Alvalade do Sp. Braga: não sendo tão forte no jogo aéreo como os restantes centrais, compensa isso com sentido de colocação, capacidade de sair com bola em primeira fase de construção e espírito de liderança em campo.

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Sendo o mais novo de três irmãos, um formado em Direito e outro em Economia, Marcelo assumiu desde cedo que o seu sonho era mesmo tornar-se profissional de futebol e arriscou ainda muito novo sair de São Carlos, em São Paulo, primeiro para Curitiba, depois para o Rio de Janeiro, onde esteve nas equipas de formação do Vasco da Gama até ao primeiro ano de sénior. Não sendo opção frequente, mudou-se para o Rio Preto e foi desse clube modesto do estado de São Paulo que chegou a Portugal, via Ribeirão, na altura a militar na Zona Norte da 2.ª Divisão B. Deu nas vistas e, no ano seguinte, assinou pelo Rio Ave.

Depois de uma temporada de empréstimo ao Leixões, em 2011/12 (Segunda Liga), o central assumiu a titularidade em Vila do Conde e tem sido um dos principais esteios do crescimento da equipa nos últimos anos, contabilizando um total de 180 jogos (e nove golos) nas últimas cinco épocas e meia. Trabalhou com Carlos Brito, Nuno Espírito Santo, Pedro Martins, Capucho, Luís Castro e, agora, Miguel Cardoso, merecendo sempre a confiança de todos mesmo depois de duas lesões graves em 2014/15: uma no pé, que o afastou dos relvados por três meses; outra no joelho, com uma rotura de ligamentos que lhe custou seis meses de ausência. Na temporada anterior, chegou às finais da Taça da Liga e da Taça de Portugal, ambas perdidas para o Benfica… de Jorge Jesus.

Marcelo e Rodríguez, que também passou por Alvalade, discutem a bola com Luisão (FRANCISCO LEONG/AFP/Getty Images)

Marcelo define-se como “um jogador rápido, com bom posicionamento e que dá tudo em campo”. “Tenho de deixar tudo em campo e se chegar a casa morto não há problema”, disse em 2013. Ao programa “Lado B”, que passou nas plataformas de comunicação dos vilacondenses em 2015, acrescentou outros dados mais pessoais como a paixão pelo peixe em Portugal (“como moro longe do mar no Brasil, lá só chega congelado e até o sabor é diferente”, explicou), o hobbie de ficar por casa a ver filmes e jogar vídeojogos e o gosto por samba e música sertaneja. “De vez em quando vou ao shopping, mas passados 20 minutos ou meia hora já quero ir embora”, contou.