O Mercedes Classe A pode não ser o mais rentável da gama do construtor alemão, mas é o mais acessível e um dos mais importantes, pois não só lhe coube democratizar a marca, como contribuir decididamente para atrair novos clientes, que até ali não tinham acesso a veículos com a grelha adornada pela estrela prateada. De linhas atraentes, o Classe A permitiu à marca bater-se taco a taco com os construtores generalistas no segmento C, o mais importante no mercado europeu e o segundo que mais vende em Portugal.
É óbvio que toda esta conversa se refere à mais recente geração do modelo, a que foi apresentada em 2012, pois as primeiras, que surgiram em 1997 e depois em 2004 – mais altas e estreitas –, ficaram conhecidas por serem o Classe A que tinha pavor do alce. Ou melhor, do teste do alce, que obriga a guinadas súbitas na direcção para evitar um obstáculo imaginário no meio da estrada, simulação que se revelou fatal para a estabilidade do primeiro A, até que passou a estar equipado com ESP.
Mas com a actual geração do Classe A, aquele que ainda hoje está à venda, a conversa foi outra. O modelo, substancialmente mais baixo e largo, além de mais habitável, sempre agradou, o que permitiu à Mercedes finalmente bater-se com os principais rivais, respectivamente o BMW Série 1 e o Audi A3.
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Mas depois de seis anos de mercado, a Mercedes concluiu que era altura de mudar de ares e substituir o modelo actual por outro, que a marca queria mais luxuoso, mais bem equipado e mais moderno, no que respeita à conectividade e sistemas de ajuda ao condutor. E é exactamente este o veículo que vai chegar em breve e sobre o qual temos muito para lhe dizer.
Como vai ser por fora?
Exteriormente, vai ser fácil distinguir o novo Classe A do actual e outra coisa não seria de esperar. A frente herda muito do que foi revelado pelo protótipo Classe A Sedan Concept, no Salão de Xangai, em Abril de 2017, com a tradicional grelha da casa, mas faróis mais esguios e angulados. O resto da carroçaria também evoluiu, mas sem grandes revoluções, mantendo as linhas gerais da geração anterior, só que mais moderna.
O novo Classe A recorre à mesma plataforma do antigo, a MFA2, que foi desenvolvida para a primeira geração a meias com a Aliança Renault-Nissan, que a utilizou no Infiniti Q30 e QX30. Desta vez, cada construtor vai avançar com projectos separados, pelo que a Mercedes fê-la evoluir no sentido de satisfazer as suas necessidades, enquanto a Infiniti se vai socorrer de plataformas da Aliança, mais em conta por serem produzidas em maior quantidade.
Por dentro é a grande revolução
É lá dentro que o novo Classe A revela a maioria dos seus truques. E, como é tão importante parecer moderno como sê-lo, o construtor alemão aposta tudo logo no tablier. O destaque vai para dois ecrãs, um na continuação do outro, com o primeiro a assegurar o painel de instrumentos digital, para o segundo ficar dedicado ao infoentretenimento, sistemas de som e navegação, além da interacção com os smartphones.
A dimensão dos ecrãs varia consoante a versão e o nível de equipamento, existindo dois tamanhos, com 7 e 10,25 polegadas, com o A a poder conjugar dois de 7″, um de 7 e outro de 10,25″ ou, nas versões mais luxuosas, dois com 10,25″ na diagonal.
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Se os ecrãs impressionam, as saídas de ar da ventilação não lhe ficam atrás, não só pelo número (cinco), como pela forma, reforçada pelo acabamento cromado, para serem ainda mais evidentes. A iluminação interior, que no A ainda à venda é regulável em matéria de cor, oferecendo 12 tons, evoluiu para 64 cores. Sofisticação que é acompanhada pelos assentos, que passam a ser oferecidos aos clientes em três formatos distintos, entre o mais confortável e o mais desportivo. O mais rebuscado disponibiliza até 20 regulações distintas, além da ventilação interior e as massagens. O assento posterior não regula longitudinalmente, mas as costas podem rebater de forma tradicional (60%-40%) ou 40%-20%-40%, para maior versatilidade.
Lá atrás a mala também cresce, passando a disponibilizar 370 litros, ou seja, mais 29 do que no modelo actual. Para os utilizadores, a Mercedes garante pilares A menos volumosos, para limitar menos a visão do condutor, além de mais 9 mm de espaço ao nível dos ombros à frente e 22 mm atrás, com o volume ao nível dos cotovelos a aumentar igualmente 35 mm na dianteira e 36 na retaguarda, isto enquanto o espaço para a cabeça se vê incrementado em 7 mm para quem ocupa os lugares dianteiros e 8 mm os posteriores.
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Motores para todos os gostos. E diesel também
Em termos mecânicos, o futuro Classe A tem mais do actual do que verdadeiramente novo, com a Mercedes a alinhar pelo princípio “em equipa que ganha não se mexe”. E se está a pensar que os turbodiesel desapareceram, está enganado, pois não faz sentido um fabricante deixar de oferecer o tipo de motor que muitos clientes continuam a preferir.
A versão mais barata do novo A a gasóleo vai continuar a apostar no motor 1.5 dCi da Renault, que deixa de surgir na versão menos possante, de 109 cv, para passar a oferecer 116 cv. Denominado A180d (aparentemente desaparece o A160d, com o mesmo motor, mas apenas 90 cv), será o único turbodiesel disponível no início de comercialização. Apesar do incremento de potência, o A180d deverá continuar a ser comercializado abaixo dos 30.000€ (agora está nos 29.450€).
As alternativas, durante o período de lançamento, serão todas a gasolina, com destaque para o A200, que troca o actual motor 1.6 TCe da Renault de 156 cv, pelo novo motor 1.3 de quatro cilindros com a mesma potência, desenvolvido a meias pela Aliança e Daimler. Com 1.330 cc (a Mercedes fala em 1.345 cc) esta unidade vai pertencer a uma família que vai disponibilizar versões com 115, 140 e 160 cv, todos eles com menores consumos e emissões, o que é conseguido à custa de injecção directa, elevada pressão de alimentação de gasolina a 250 bar e um tratamento de superfície das camisas e pistões que reduz a fricção e as perdas, herdado do Nissan GT-R.
Igualmente de início, os clientes mais exigentes, no que respeita à potência, podem optar pelo A250, que monta o 2.0 (1.994 cc) de 224 cv (na actual versão fornece 218 cv) e que deverá ser proposto abaixo dos 50 mil euros, não muito longe dos actuais 47.950€, isto enquanto não chega a versão AMG (actualmente o AMG 45 4Matic, com 381 cv, é transaccionado por 62.000€), que deverá passar a extrair de uma unidade com a mesma capacidade cerca de 400 cv, para continuar a assumir-se como o mais potente da classe.
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E vai haver eléctrico e híbrido?
Numa fase em que já ninguém contesta que o futuro será eléctrico, pelo menos no que aos automóveis diz respeito, e a própria Mercedes já prometeu uma gama 100% eléctrica, que vai denominar EQ, não seria de esperar que o Classe A não privilegiasse qualquer tipo de electrificação.
Para já, não está previsto um A 100% eléctrico alimentado por acumulador, o que até se compreende pela dificuldade em criar espaço para uma bateria generosa – entre 40 e 60 kWh, para ser minimamente competitiva –, numa plataforma que não foi para isso concebida. Mas a Mercedes antevê soluções híbridas, muito provavelmente tendo como base o novo motor 1.3 a gasolina. A esta unidade os alemães podem acoplar um pequeno motor eléctrico alimentado por uma bateria com cerca de 3 kWh a 48V, como a que a Renault está a desenvolver para o futuro Clio, e criar um híbrido. Ou, em alternativa, montar um motor mais potente e uma bateria com pouco mais de 10 kWh da capacidade, para dar origem a um plug-in bastante mais versátil, com uma capacidade de percorrer 50 km em modo eléctrico.
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Quando chega a Portugal?
O futuro Classe A, que promete ser uma das sensações do Salão de Genebra, em Março, vai ser apresentado já no dia 2 de Fevereiro à imprensa mundial, num evento que decorrerá em Amesterdão. Trata-se de uma revelação estática, em que sobretudo se vai conhecer o exterior, uma vez que a marca optou por revelar há dias o interior, especialmente a solução dos dois ecrãs, no Consumer Electronics Show de Las Vegas.
A chegada ao nosso país do novo Classe A irá ocorrer no final de Abril ou, o mais tardar, nos primeiros dias de Maio, com as primeiras versões a estarem disponíveis a serem o A180d, A200 e A250. O híbrido não deverá ser introduzido antes de 2019.
Já há preços?
Ainda é cedo para conhecer em pormenor os preços pelo que serão propostas as novas versões do Classe A. Contudo, o posicionamento do construtor em todos mercados passa por propor o novo modelo sensivelmente pelo preço do antigo, apesar das diversas melhorias e dos incrementos de potência.
Em termos indicativos, pelo que conseguimos apurar, o Classe A 180 deverá ser o mais acessível, prevendo-se que venha a ser comercializado por valores abaixo de 30 mil euros, enquanto o mais caro, na fase de lançamento, será o A250 a gasolina, cujo preço deverá ficar aquém dos 50 mil euros.
Porém, há que ter em conta a maior sofisticação em matéria de equipamento que o novo A propõe, tanto o destinado ao entretenimento como à segurança e ajudas à condução. Isto torna óbvio que o preço irá disparar para os clientes que optem pelos níveis mais requintados, dos ecrãs de maiores dimensões aos bancos com massagens e ventilação, passando necessariamente pelos sistemas tipo Lane Assist e Cruise Control Adaptativo, que permitem uma condução mais relaxada, sem comprometer a segurança.