O ministro do Comércio e Indústria de Moçambique, Ragendra de Sousa, pediu esta segunda-feira paciência ao setor empresarial e prometeu colaboração, em entrevista à Lusa, depois de um líder patronal ter classificado como “um sufoco” a situação atual no país.

“É preciso um pouco de paciência porque as coisas não se fazem de um dia para o outro”, referiu, questionando: “De onde vem o sufoco? Vem da situação económica que este Governo herdou”.

“O corte da ajuda externa não foi feito neste Governo”, acrescentou, referindo ainda que o executivo está “a fazer o melhor que é possível para repor a estabilidade macroeconómica”.

Face às dificuldades, “temos de ultrapassar a situação de confronto, de acusação, para uma situação de cooperação”, destacou Ragendra de Sousa à Lusa, à margem da XV Conferência Anual do Setor Privado (CASP), em Maputo.

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No evento, Agostinho Vuma, presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) principal organização patronal de Moçambique, alertou neste dia o Governo e o banco central para a situação de “sufoco e falência em massa” de empresas do país.

Em causa, o abrandamento da economia, agravado pelo atraso no pagamento do Estado aos fornecedores e no reembolso do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA).

“Ele tem razão e o Governo já disse publicamente que vai iniciar o pagamento da dívida ao setor privado”, referiu Ragendra de Sousa, pedindo nesse ponto específico paciência, porque não se consegue tudo “de um dia para o outro”.

“O Ministério está aberto”, realçou, deixando a ideia de disponibilidade para o estreitamento de relações: “Se a CTA quiser um espaço para se instalar, tem lá o espaço” no Ministério. “Vamos ouvir e com os fundos disponíveis faremos gradualmente aquilo que possível”, concluiu.

O crescimento económico tem vindo a desacelerar desde um ritmo 6,6% em 2015 para 3,7% em 2017, prevendo o FMI que caia para 3% este ano, a par de uma dívida pública a cair em níveis insustentáveis e face a um risco de agravamento do défice fiscal, notou o fundo na última semana.

A maioria da ajuda externa direta ao Orçamento de Estado de Moçambique está congelada desde 2016, depois de se ter revelado que o anterior Governo contraiu, em 2013 e 2014, dívidas ocultas da ordem dos dois mil milhões de dólares (cerca de um oitavo do Produto Interno Bruto do país), sem que até hoje se tenha esclarecido para onde foi a maior parte do dinheiro.

O país deixou de reembolsar os credores de parte das dívidas não declaradas que entretanto foram trocadas por outros títulos, no mercado, caindo para o último patamar do ranking de dívidas soberanas, ou seja, default — incumprimento.