O ministro dos Negócios Estrangeiros sabe que a decisão de não expulsar diplomatas russos não foi vista com agrado internamente, mas diz que entre estar do lado dos que já tomaram posições muito fortes ou “usar de maior lucidez e começar por medidas menos duras”,”o interesse nacional” está na segunda hipótese, escreve a edição desta sexta-feira do jornal Expresso.

Ao contrário da maioria dos aliados da NATO, em vez de declarar como persona non grata os diplomatas russos, o Governo português optou por chamar apenas o embaixador português em Moscovo por tempo indeterminado — um dia depois de os outros países já terem anunciado as suas medidas.

Augusto Santos Silva diz agora que a decisão portuguesa foi “prudente” e cautelosa, mas não negou a possibilidade de Portugal vir a assumir posições mais duras. A 16 de abril, o ministro português vai reunir com os homónimos da União Europeia e diz que nada impede que “a todo o tempo” se concertem as tais posições mais duras a nível multilateral. Por enquanto, a Rússia ainda tem de dar “explicações cabais e plausíveis para o que aconteceu em Salisbury”.

Desde que o Reino Unido acusou a Rússia de atacar um espião em Inglaterra, foram expulsos 125 diplomatas russos de mais de 20 países. Na União Europeia, além de Portugal, há mais sete países que optaram por mantê-los. Os Estados Unidos mandaram para casa 60 diplomatas russos e o secretário-geral da NATO expulsou sete. Anunciou ainda que missão russa junto da NATO será reduzida de 30 para 20 diplomatas.

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Que países expulsaram e os que não expulsaram diplomatas russos

Ao Expresso, Santos Silva considerou a situação “gravíssima” e esperou que a situação fosse gerida “com inteligência por todos de forma a prevenir uma escalada”. A decisão governamental de não expulsar os diplomatas de Putin foi tomada sem a consulta dos partidos da geringonça ou da oposição.

O ministro dos Negócios Estrangeiros explicou que “Portugal não é um país russófilo nem próximo da Rússia” e que a decisão não está relacionada com nenhuma “autonomia estratégica” de Lisboa perante a NATO e a UE. Portugal “tem de olhar além da Europa, sem nunca perder de vista a sua vinculação ao espaço europeu e atlântico”, afirmou.