O secretário-geral da NATO reiterou esta quinta-feira a importância de respeitar e implementar na totalidade o acordo nuclear iraniano, mas advertiu que há questões que não estão contempladas no mesmo, como o programa de mísseis balísticos de Teerão.
“É evidente que nenhum acordo pode ser bem-sucedido sem ser plenamente respeitado e implementado”, argumentou Jens Stoltenberg, na conferência de imprensa prévia à reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO, que vai decorrer na sexta-feira, em Bruxelas.
Questionado sobre se o acordo nuclear iraniano está a ser aplicado de forma completa, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte lembrou que a responsabilidade dessa avaliação compete à Agência Internacional de Energia Atómica.
Stoltenberg destacou que o acordo ajuda a distanciar o Irão do desenvolvimento de armamento nuclear, algo que é “importante para a segurança dos aliados da NATO”, uma vez que as armas nucleares combinadas com mísseis balísticos seriam uma ameaça direta aos membros da Aliança Atlântica.
No entanto, o político norueguês lembrou que o acordo nuclear não contempla todos os setores, designadamente o programa de mísseis balísticos e o apoio de Teerão a “grupos extremistas” e às suas ações de destabilização na região. O secretário-geral indicou que o acordo nuclear iraniano será um dos temas que os ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica, entre os quais estará Augusto Santos Silva, vão abordar na reunião de sexta-feira.
Na terça-feira, presidente norte-americano, Donald Trump, e o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, afirmaram desejar “trabalhar” juntos para um novo acordo, suscitando o protesto imediato do presidente iraniano, Hassan Rohani, que contestou a legitimidade de um eventual novo acordo sobre o programa nuclear iraniano.
Um dia depois, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou que o atual acordo nuclear iraniano “não tem alternativa”, enquanto a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, reiterou que há “um acordo que existe, que funciona e que deve ser preservado”.
A UE participou na conclusão deste acordo, assinado em Viena em julho de 2015, depois de anos de negociações entre o Irão e o grupo dos 5+1 (Alemanha, EUA, França, Reino Unido e Rússia). Nos termos do acordo, Teerão aceitou congelar o seu programa nuclear até 2025.
Os partidários do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano asseguram que este acordo é a melhor garantia para impedir que o Irão se dote da bomba atómica. Trump, no entanto, considera o acordo demasiado fraco.
Durante a sua campanha presidencial, Trump prometeu “rasgar” o acordo, desejado pelo seu antecessor na Casa Branca, Barack Obama, e fruto de anos de negociações. Ameaçando passar à ação 15 meses após a chegada ao poder, Trump deu aos signatários europeus do atual acordo com o Irão (Alemanha, Reino Unido e França) até 12 de maio para o tornar mais severo.