O presidente francês Emmanuel Macron vai avisar o homólogo norte-americano, Donald Trump, que podem surgir novas ameaças terroristas se os EUA acabarem com a presença de tropas no país, um cenário que é admitido por Trump. Este será um dos temas principais do encontro de três dias entre os dois líderes, em Washington, a que se junta outro tema: o acordo nuclear celebrado com o Irão, no tempo de Obama, e que é muito criticado por Donald Trump.
Se Trump tem tido uma posição relativamente uniforme sobre o acordo com o Irão, a política em relação à Síria tem sido marcada por algumas hesitações por parte do presidente norte-americano. Emmanuel Macron já disse numa entrevista, há poucas semanas, que tinha convencido Trump a não sair da Síria. “Há 10 dias o Presidente Trump disse que os EUA iam sair da Síria. Nós convencemo-lo de que era preciso ficar lá”, disse Emmanuel Macron, numa entrevista à BFMTV na sequência do alegado ataque químico na Síria.
“Convencemo-lo de que é preciso ficar a longo prazo”, reforçou o presidente francês. Mas o facto de este continuar a ser um tema em cima da mesa no encontro entre Trump e Macron indica que poderá ser necessário mais alguma trabalho de persuasão. A Casa Branca já confirmou que “um caminho em frente” na questão síria é um dos temas na ordem de trabalhos.
Macron já chegou aos EUA. Vai discutir Síria e Irão com Trump
Os EUA têm aproximadamente dois mil soldados das forças especiais na zona Nordeste da Síria, onde combatem lado a lado com os curdos do YPG e com a Forças Democráticas Sírias. Além disso, financiam e treinam estes dois últimos grupos, que combatem o Estado Islâmico e também as tropas de Bashar al-Assad.
O presumível ataque químico ocorreu poucos dias depois de saírem notícias de que Trump estaria a fazer pressão no sentido de se retirarem as tropas da Síria. Segundo essas notícias, Trump estaria disponível para estar mais alguns meses mas não mais alguns anos.
Tão ou mais importante do que para Trump, o encontro com Macron será um teste-chave para o presidente francês, que apesar das críticas à administração Trump assim que chegou ao poder tem procurado, nos últimos meses, aparecer como tendo uma relação próxima e aberta com o presidente norte-americano. O que contrasta com a tensão que tem emergido na relação entre Trump e a chanceler alemã, Angela Merkel, também ela muito criticada pelo norte-americano (e que também visita a Casa Branca nos próximos dias).
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