Quarta feira, 25 de Junho de 2014. Nigéria e Argentina encontravam-se em Porto Alegre, no Brasil, para decidir o primeiro classificado do grupo F do campeonato do Mundo, com Bósnia-Herzegovina e Irão já fora da luta pelo apuramento. O encontro foi animado, os argentinos venceram por 3-2 e a Nigéria seguiu para os oitavos na segunda posição do grupo (onde viria a ser eliminada pela França, 2-0). Os argentinos seguiram em primeiro e só pararam na final, caindo aos pés da poderosa Alemanha (1-0). Messi e Rojo faziam os golos argentinos; Musa bisava para a Nigéria. No final, alvicelestes e ‘super águias’ tinham ambos razões para sorrir.

Quatro anos mais tarde, a história é parecida, mas o final será certamente diferente. Nigéria e Argentina voltam a partilhar o mesmo grupo, mas já é garantido que, pelo menos, uma das duas ficará pelo caminho. E só não ficam já as duas porque Musa foi fonte de inspiração para os africanos e ofereceu uma decisiva vitória por 2-o frente à Islândia que alimenta as esperanças nigerianas de seguir em frente na competição. E salvou também a pele à Argentina.

À entrada para o encontro entre Nigéria e Islândia, uma coisa era certa: em caso de vitória islandesa, a formação escandinava assegurava a passagem aos oitavos, acompanhando a já apurada Croácia (seis pontos em dois jogos). Por outras palavras, caso a Islândia vencesse, Nigéria e Argentina estavam automaticamente eliminadas. É por isso fácil de adivinhar por quem os argentinos torciam nesta partida decisiva…

O encontro começou morto e assim continuou até ao intervalo. Até ao descanso, nenhuma das formações fazia por ganhar e prova disso são as estatísticas registadas no final do primeiro tempo: zero remates para a Nigéria, cinco para a Islândia. A falta de inspiração era evidente, mas no onze nigeriano havia um Musa prestes a explodir: 49 minutos, cruzamento de Moses, grande receção de Musa e estava aberto o marcador. O avançado emprestado pelo Leicester ao CSKA Moscovo fez o primeiro golo da Nigéria na partida, no Mundial e o primeiro também desde os dois apontados à Argentina, há quatro anos.

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Parecia o fechar de um círculo com vários pontos de encontro, mas a história ainda não estava toda contada. Musa tinha bisado da última vez e não queria fazer por menos frente à Islândia: 75 minutos, bola lançada para as costas da defesa islandesa e a velocidade e técnica de Musa a fazerem o resto. O guardião islandês foi ultrapassado, a baliza ficou deserta e o 2-0 foi carimbado. Bis de Musa, autor dos últimos quatro golos da Nigéria em Mundiais, no espaço de quatro anos. 

A sexta vitória nigeriana em Mundiais (todas contra adversários europeus) valia muito mais do que três pontos. Representava o alimentar do sonho africano em chegar pela quarta vez aos oitavos de final de um campeonato do Mundo e o reacender da esperança Argentina em não desiludir por completo (pelo menos, para já).

Tal como em 2014, Argentina e Nigéria encontram-se na última jornada do grupo, mas, desta feita, é certo que não sorrirão as duas no final. Até pode nem sorrir nenhuma. Isto porque com a Croácia já apurada (seis pontos) e com o primeiro lugar garantido, resta a Argentina, Nigéria e Islândia lutarem pelo segundo lugar. À Nigéria basta vencer a Argentina para garantir o apuramento; a Islândia terá de vencer a Croácia e esperar que a Nigéria não vença ou, caso empate, que tenha menor diferença de golos do que os europeus, para passar; Argentina precisará de vencer os africanos e rezar para que a Croácia bata o pé à Islândia.

A tarefa da Islândia e da Argentina não se adivinha fácil; mas a nigeriana também não. Tudo ficará resolvido na última jornada do grupo, com um círculo entre Nigéria e Argentina (com Musa pelo meio) a fechar-se. Resta saber quem se juntará à Croácia para o sorriso final.