Chama-se Iniciativa Europeia de Intervenção, reúne chefias militares de nove países europeus (Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Holanda, Estónia e Dinamarca), numa espécie de fórum para planear uma estratégia comum em casos de emergência. Apesar do nome, apesar de reunir estruturas militares, “não serve para fazer intervenções militares”, indicou ao Observador, por telefone, o ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes.

“A Iniciativa Europeia de Intervenção vai desenvolver uma doutrina operacional, através do diálogo ao nível do Estado-Maior, para que os países europeus possam lidar mais facilmente com situações como missões de salvamento e recuperação de cidadãos em regiões fora da Europa ou mesmo crises humanitárias”, acrescentou.

O Estado português, por enquanto, limitar-se-á a enviar um oficial superior para servir de elemento de ligação junto do Estado-Maior francês.

“E não haverá estruturas de comando conjuntas ou forças conjuntas. Cada país tem as suas próprias forças e age. A ideia é que se comece a fazer o trabalho de casa” para quando for necessário, uma vez que os países europeus têm todos “culturas operacionais muito diferentes”.

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“Planear, planear, planear”, insistiu Azeredo Lopes.

O projeto foi sugerido pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, num discurso na Universidade Sorbonne no passado mês de Setembro. Na altura, Macron propôs a criação de uma força de intervenção militar comum, um orçamento de defesa e uma “doutrina comum”, uma iniciativa não se enquadra nem na NATO nem na União Europeia.

Mais uma vez, Azeredo Lopes clarificou: a Inicitiva não é contra a NATO nem contra a Cooperação Estruturada Permanente na Defesa (PESCO). A intenção é a de que possa ser utilizado [este planeamento] no âmbito de uma utilização legítima de forças por uma das organizações internacionais em que Portugal está inserido.

Ou seja, reiterou, “não se trata de criar um exército europeu ou de criar uma nova força europeia”, mas sim promover uma utilização mais eficaz das ferramentas que já existem.

A ministra francesa da Defesa, no entanto, foi mais específica no passado domingo, numa entrevista ao jornal Le Figaro.

Florence Parly deu um exemplo concreto, a operação Serval, desencadeada pela França no Mali, em 2013.

“Se fosse preciso voltar a fazer uma operação como a Serval, gostaríamos de a poder fazer entre vários países. Mas os atrasos e as decisões na UE são ainda demasiado longos no que diz respeito à urgência que se exige numa situação crítica”, disse a ministra. Ou seja, França pensa especificamente em dividir o fardo de intervenções militares fora do território europeu.

Ao abordar hoje o tema, o El País escreveu que África – uma região de grande interesse estratégico para a segurança de França e de Espanha, e interesse estratégico para Portugal – é a que tem o maior potencial para estas operações.