Todas as 12 crianças e o seu treinador, de 25 anos, já foram retiradas da gruta Tham Luang com sucesso. A operação de resgate, que começou domingo, terminou esta terça-feira. Dentro da gruta continuam três Navy Seals e o médico que acompanharam os Wild Boars desde o início e que se espera estejam do lado de fora muito em breve. Os rapazes têm idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos e estiveram presos durante 18 dias.

A operação de socorro envolveu cerca de 90 mergulhadores, mas apenas 19 — sempre a mesma equipa — transportou as crianças, uma a uma, desde o local onde se encontravam até à saída da gruta. Várias equipas de socorro foram mobilizadas para o local, bem como equipas de voluntários. A imprensa internacional, que estava na área junto à gruta, foi entretanto evacuada e está agora sediada numa escola local perto do hospital da província de Chiang Rai.

A madrugada e a manhã de terça-feira foram de chuvas intensas, mas o nível de água dentro da gruta não se alterou e a operação não foi prejudicada.

Confira aqui o que se sabe e o que falta saber sobre o resgate deste grupo de jovens.

O que já se sabe sobre o resgate

Todas as crianças fora da gruta

O resgate começou no domingo. Primeiro saíram duas crianças, cerca das 17h40 e 17h50 locais (11h40 e 11h50 em Lisboa) de domingo, e mais tarde saíram outras duas. Na manhã de segunda-feira houve mais quatro crianças resgatadas. Esta terça-feira saíram as restantes, bem como o treinador.

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À entrada da gruta esperavam-nos várias ambulâncias, helicópteros e equipas médicas. Estas avaliaram as crianças no local, antes de serem encaminhadas de ambulância ou de helicóptero para o hospital, que fica a cerca de 60km de distância.

“Não estamos certos se foi um milagre, ciência, ou o quê. Todos os Wild Boars estão agora fora da gruta”, escreveu a Navy Seal tailandesa na sua página de Facebook.

Um quilómetro a mergulhar

Durante a conferência de imprensa de segunda-feira, o governador da província tailandesa informou que as crianças tiveram de mergulhar ao longo de um quilómetro do percurso, que no total tem mais de 3km. “Os quatro rapazes que foram retirados tiveram de mergulhar durante um quilómetro até à liberdade”, afirmou.

Inicialmente não se sabia quanto tempo teriam de mergulhar as crianças, mas uma vez que o nível das águas baixou significativamente desde sábado, puderam caminhar mais do que aquilo que estava previsto ao longo do percurso dentro da gruta.

Na conferência de imprensa desta terça-feira, foi explicado que as operações de resgate se estavam a tornar mais rápidas do que o esperado. O motivo apontado tem a ver com o facto de ser sempre a mesma equipa de mergulhadores a fazer o percurso. Isso permite-lhes ir adquirindo conhecimento sobre o caminho e o ambiente da gruta, evitando os obstáculos.

Os critérios de escolha das crianças que saíram primeiro

Ao início da manhã de domingo já se sabia que os jovens iam ser divididos em quatro grupos distintos, sendo que o primeiro seria constituído por quatro pessoas e os restantes por três — ficou decidido que o treinador, o único adulto do grupo, sairia em último lugar. Não foi isso que acabou por acontecer e em cada um dos três dias que durou a operação de resgate saíram quatro crianças. Ao terceiro dia, saíram cinco pessoas, treinador incluído.

Segundo o governador Narongsak Osottanakorn, os critérios utilizados para escolher a ordem de saída das crianças foi o seu estado de saúde. Depois da avaliação médica feita aos jovens pelos médicos australianos que estiveram com eles na gruta definiram-se prioridades: os mais fortes em termos físicos e psicológicos saiam em primeiro, enquanto os que se encontravam mais fracos deveriam sair depois.

Antes a BBC tinha passado a informação de que seria precisamente ao contrário: os mais frágeis saíam primeiro e depois os restantes.

O resgate levou menos tempo do que o esperado

O resgate das primeiras quatro crianças levou cerca de cinco horas. O segundo resgate demorou sensivelmente o mesmo. As autoridades apontavam para que o resgate de cada uma decorresse durante 11 longas horas — uma vez que o tempo estimado para ir da entrada até à câmara 3 era de seis horas e para regressar era de cinco. Porém, a operação decorreu em muito menos tempo do que era esperado, com o terceiro dia a ter a operação mais rápida de todos.

Porque é que as autoridades avançaram agora

Inicialmente, as autoridades pensaram que o grupo poderia ter de ficar dentro da gruta até ao final da estação de chuvas, ou seja, em outubro, o que significava meses no subsolo. Contudo, ficou claro, no sábado, que o resgate só poderia ser feito nos próximos três a quatro dias uma vez que se previa que o nível das águas dentro da gruta pudesse subir devido às chuvas intensas que se têm feito sentir no local.

Aliás, começou a chover intensamente na província de Chiang Rai depois de terminadas as operações do segundo dia. O reaparecimento da chuva preocupa as autoridades e os responsáveis pelas operações de resgate, já que o nível das águas dentro da gruta pode voltar a aumentar e, assim, dificultar a travessia.

A preparação das operações de resgate deste domingo começou às 21h locais (15h em Lisboa) de sábado. À uma da manhã os jornalistas que se encontravam junto à gruta foram obrigados a sair do local pelas autoridades. O pavilhão onde as famílias das crianças costumam dormir também foi esvaziado e pelo menos dez ambulâncias estacionaram num descampado perto da entrada da gruta. Depois as autoridades avisaram que estavam a evacuar o local “para operações de resgate”.

O que ainda não se sabe sobre a operação de resgate

As condições de saúde das crianças

Consoante o estado de saúde, as crianças foram transportadas para o hospital ou de ambulância — percurso que leva uma hora a ser feito — ou de helicóptero.

O que as espera agora é uma quarentena que se pode prolongar no tempo consoante o estado de saúde dos jovens. Para já, têm de ser despistadas quaisquer tipo de doenças contagiosas.

O grupo de quatro crianças que abandonou a gruta no domingo já pode ver a família, mas apenas através de um vidro para evitar contágio. Muitos dos jovens apresentavam temperaturas corporais baixas e sinais de  desidratação.

Até que recebam alta, o que poderá acontecer na melhor das hipóteses no espaço de sete dias, todos os resgatados permaneceram no Hospital Prachanukroh.

Os primeiros pedidos das crianças foram por comida tailandesa e chocolate mas, para já, a sua alimentação está a ser feita com base em papas e pão.

Quando regressam a casa

Ainda não há estimativa de quando as crianças vão poder regressar a casa e abraçar as famílias. Previsivelmente, se não houver complicações, as crianças têm de cumprir os sete dias de quarentena. Já se sabe que não estarão em condições de viajar até à Rússia para assistir à final do Mundial de Futebol, que termina dia 15 de julho.