Um grupo de homens e mulheres vestidos de agentes da polícia invadiram o campo do Estádio Lujniki enquanto se jogava a final do Mundial 2018 e cumprimentam alguns dos futebolistas, entre os quais o francês Mbappé. Os invasores de campo foram pouco depois travados pela segurança do estádio, mas o assunto não morreu aqui: as Pussy Riot, o grupo de punk rock feminista russo famoso pelass demonstrações políticas que tem feito nos últimos anos, garantem ter sido responsáveis pela invasão de campo. A declaração foi feita através do Twitter: “Fotos e vídeos em alguns minutos. Olá a todos no Estádio Lujniki. É fixe estar aqui”.

De acordo com um comunicado feito poucos minutos depois da invasão de campo, as Pussy Riot explicaram as motivações por detrás daquela manifestação: “Hoje faz 11 anos da morte do grande poeta russo Dmitry Prigov. Prigov criou a imagem de um agente da polícia, um portador celestial da condição da nação na cultura russa. O polícia celestial, de acordo com Prigov, fala bidirecionalmente com o próprio Deus. O polícia terrestre prepara-se para dispersar manifestações. O polícia celestial gentilmente toca uma flor num campo e aproveita as vitórias da equipa de futebol russa, enquanto o polícia terrestre sente-se indiferente à greve de fome de Oleg Sentsov. O polícia celestial enaltece-se como um exemplo da condição da nação enquanto o polícia terrestre magoa toda a gente”, começa por explicar o grupo. E acrescenta: “O polícia celestial protege o sono dos bebés, o polícia terrestre faz presos políticos e prende-os por fazerem gostos e partilhas [nas redes sociais]”.

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Depois o comunicado concretiza: “O polícia celestial é o organizador da maravilha festa do Mundial, o polícia terrestre tem medo da festa. O polícia celestial trata cuidadosamente de que as regras do jogo sejam cumpridas, o polícia terrestre entra no jogo sem querer saber das regras. O Campeonato do Mundo da FIFA lembrou-nos das possibilidades do polícia celestial na Grande Rússia do futuro, mas o polícia terrestre, ao entrar no jogo sem regras destrói o nosso mundo”. As Pussy Riot terminam o comunicado com seis exigências: “Libertem todos os presos políticos, não prendam pessoas por causa de ‘gostos’, parem as detenções ilegais durante as manifestações, permitam competições políticas no país, não fabriquem acusações criminais e não mantenham pessoas presas sem motivos; e transformem o polícia terrestre num polícia celestial”.

Além do comunicado, as Pussy Riot também partilharam uma fotografia em que uma das invasoras de campo aparece a cumprimentar Mbappé enquanto decorria o França-Croácia. A fotografia, que tem sido eliminada das redes sociais mas que continua publicada nas redes do grupo, surge com a descrição: “Isto. Isto é tudo”. Esta foi a única invasão de campo bem concretizada neste Campeonato do Mundo da FIFA, mas apenas porque outras foram travadas a tempo: no jogo entre Portugal e Uruguai, por exemplo, houve uma tentativa de invasão que foi impedida a tempo pelas autoridades.

A manifestação feita pelas Pussy Riot no último jogo do Mundial na Rússia não é totalmente inesperada: o grupo tencionava fazer o mesmo nos Jogos Olímpicos de Sochi em 2014, mas Nadejda Tolokonnikova e Maria Alekhina foram apanhadas pelas autoridades a 30 quilómetros do local olímpico Adler Arena Skating Center. Na altura, Tolokonnikova escreveu no Twitter que foram “presas e acusadas de roubo”.