O peso é tramado: num veículo acaba-lhe com a capacidade de aceleração e com a agilidade em curva. Mas também não faz nada bem à segurança. Vem isto a propósito do mais recente recall levado a cabo pela Mercedes, relativo à versão mais potente do seu SUV mais robusto, mais precisamente o G65 AMG.

De linhas quadradonas e pouco elegante, o Classe G é um dos melhores jipes do mercado, para quem busca um modelo capaz de digerir as condições mais duras no todo-o-terreno, sem beliscar o luxo e as mordomias no habitáculo, compatíveis com os elevados valores que exige como investimento inicial. O SUV alemão é ainda muito pesado, acusando mais de 2,6 toneladas quando colocado sobre a balança. Mas para acelerar a direito, isso não é problema, uma vez que o imponente motor V12, com 6 litros de cilindrada e soprado por dois turbocompressores, fornece uns furiosos 612 cv, que garantem que o jipe consegue até subir paredes.

Sucede que os mais de 600 cv não permitem apenas atingir 100 km/h em 5,3 segundos, ou 230 km/h de velocidade máxima, valor que só não é superior para garantir a segurança dos ocupantes, porque com aquele peso e um Cx de 0,54, similar a um paralelepípedo, a estabilidade acima de 230 km/h está longe ser uma garantia. Contudo, o problema do G65 AMG não estará na velocidade que é capaz de atingir quando anda para a frente, mas sim para trás.

Equipado com uma caixa automática de sete velocidades, o SUV da Mercedes atinge a velocidade máxima em 6ª velocidade, para depois a 7ª servir para rodar a menor rotação, com vantagens para o ruído e o consumo. Em 1ª, o jipe é capaz de atingir 73 km/h, fruto de uma desmultiplicação que lhe assegura 12,2 km/h por cada 1.000 rpm, mas a marcha-atrás, que é muito similar (10,2 km/h por cada 1.000 rpm), permitiria que o Classe G atingisse 61 km/h. Um valor obviamente elevado, para este ou para qualquer outro veículo. Para evitar problemas, a Mercedes equipa estes modelos mais potentes com um software que limita a velocidade máxima em marcha-atrás a uns valores mais razoáveis e seguros, para um SUV tão estreito e alto.

Apesar de todos estes cuidados da marca alemã, a Autoridade Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário (NHTSA, na sigla em inglês) alertou a marca para o facto de, a partir de 25 km/h a andar para trás, o G65 AMG poder ficar instável e capotar numa manobra brusca. Como a NHTSA não possui nenhum destes SUV da Mercedes, terão sido os casos relatados por condutores nos EUA, que terão apanhado sustos ou mesmo ficado ‘de pernas para o ar’, que levaram este organismo oficial a esta tomada de posição.

A Mercedes vai chamar à oficina as unidades vendidas para actualizá-las com um novo software que limite ainda mais a marcha-atrás, não deixando de que ser curioso que seja mais seguro rodar a 230 km/h para a frente do que a 25 km/h para trás.

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