“Estou feliz por estar viva”, conta, aliviada, María Guadalupe Herrera. A mexicana de 39 anos, de férias com a família, preparava-se para voltar a Chicago, onde agora vive. “O que importa é que estamos todos bem, graças a Deus.” María Herrera, a mãe e os quatro filhos são seis dos 99 passageiros que esta terça-feira seguiam a bordo do avião da Aeromexico. O avião caiu pouco depois de ter descolado, mas não deixou vítimas mortais.

Todos os passageiros e os quatro tripulantes foram capazes de sair do avião pelo seu pé — ou com auxílio dos pais, visto que 11 eram menores. María Herrera de colar cervical no pescoço, entrevistada pelo jornal mexicano El Universal, conta que dos seis elementos da sua família foi a única que ficou ferida. À exceção do piloto, que é o ferido mais grave (mas estável), e uma menina com queimaduras nas pernas, todos os ocupantes do voo AM-2431 ultrapassaram o incidente sem sequelas ou apenas com ferimentos ligeiros.

O avião com dez anos, um Embraer 190, tinha acabado de descolar do Aeroporto Internacional de Durango em direção à Cidade do México quando, alegadamente, uma rajada de vento fez com que a aeronave perdesse altitude. A asa esquerda tocou no chão, os motores soltaram-se, o avião seguiu na horizontal até que se imobilizou no chão, depois da pista. A posição do avião permitiu que os passageiros saíssem antes de a aeronave se incendiar.

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“Antes de descolarmos a chuva estava muito forte e o avião estava a lutar para conseguir ter velocidade. Não sei o que se passou, o avião começou a descolar, mas não levava velocidade suficiente”, conta Anabel Estrada, uma das sobreviventes, à CNN. “Esteve dois minutos no ar e desceu”, contou María Herrera. “Estávamos assustados e a gritar. De repente o avião parou e reparei que todos começavam a sair pela parte de trás e eu segui-os.”

Anabel Estrada conta que houve dois impactos e que o segundo foi mais forte, foi nessa altura que ficou ferida. “Depois do segundo impacto vi as chamas na parte da frente e o avião parou. Quando olhei para trás a porta já estava aberta.” José Luis Corral conta que a saída do avião foi rápida — 15 segundos. De voz trémula e colar cervical, José Luis Corral diz como tentou acalmar aqueles que se encontravam por perto. “Disse-lhes que não se passava nada, que o piloto ia ser capaz de controlar o avião.” Segundo o relato do sobrevivente: “O avião descolou, baixou, voltou a levantar e voltou a cair. Quando parou na pista foi quando vi fogo do lado direito de onde estava sentado.”

Jackeline Flores, citada pelo Diário de Notícia, conta que viu um buraco aberto atrás de si, por onde estavam a sair as pessoas. “O avião deslizou durante um bocado. E começou o fumo, começou o incêndio. Nesse momento, pela asa, vi que havia um buraco. Tirei de imediato o cinto de segurança à minha filha e saímos por aí. As crianças estavam a gritar. Conseguimos sair por aí, mas havia chamas. E eu tinha medo de saltar e queimar-me, mas saltámos. Saltámos sem pensar.”

A perícia do piloto, Carlos Galván Meyrán, que ficou com uma lesão cervical, é apontada como um dos fatores que permitiu que não se registassem vítimas fatais. Outro foi a rápida e correta ação dos restantes tripulantes, que incluía o co-piloto Daniel Dardón Chávez e as hospedeiras de bordo Samantha Hernández e Brenda Zavala. A investigação às causas do acidente poderá demorar seis a 12 meses.

“Ouviu-se uma explosão forte. Não se sabe o que atingiu o avião, se foi um raio ou um problema mecânico”, conta um sobrevivente que, mais uma vez, confirma que o avião descolou e caiu logo de seguida. Outro sobrevivente contou como o avião “demorou um bocadinho a descolar” e, quando finalmente conseguiu fazê-lo, “foi atingido por uma corrente muito forte”. Depois de cair, ainda foi arrastado “dois ou três quilómetros em terra”. “As pessoas começaram a sair. Demorou uns três ou quatro minutos antes que começasse a explodir”, conta. Lorenzo Nunez, que vive em Chicago e viajava com a mulher e os dois filhos, estalou os dedos enquanto contava aos jornalistas que: “Ardeu numa questão de segundos”.