O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta sexta-feira estar disponível para receber o sindicato dos professores, mas só depois das negociações com o Governo, ao qual não pretende substituir-se. A posição do Presidente surge depois de os sindicatos dos professores terem dito que não são ouvidos em Belém, ao contrário do que aconteceu no caso dos bolseiros.

À margem da visita ao XXV Acampamento Nacional da Associação dos Escoteiros de Portugal, na freguesia da Barosa, em Leiria, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o sindicato dos professores até já foi recebido pela Presidência da República, mas não por ele pessoalmente.

“O sindicato dos professores foi recebido pela Presidência da República. Já expôs as suas posições e está em negociações com o Governo, que continuam em setembro. No caso dos bolseiros, foram recebidos depois de esgotadas as conversações com o Governo”, afirmou o Presidente da República.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o sindicato não foi recebido por si, mas pela “Presidência da República”. “Estarei disponível a recebê-los depois das conversações, que terão em setembro com o Governo. Não me quero substituir ao Governo naquilo que é [o seu] papel e que espero que venha a ter sucesso”, acrescentou.

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Os sindicatos da educação afirmaram hoje que “não compreendem a indisponibilidade” do Presidente da República para os receber, lembrando que estão há meses à espera de resposta a um pedido de audiência.

“O senhor Presidente da República não tem por hábito fugir aos problemas de quem trabalha, como se confirmou com a audiência que concedeu, e bem, aos bolseiros de investigação científica; da mesma forma, o senhor Presidente da República tem conseguido agendar audiências em que recebe aqueles que os portugueses consideram heróis nacionais, como se confirmou, desta vez, com a receção aos campeões europeus de futebol sub-19; é conhecida a capacidade do senhor Presidente para demonstrar interesse e ter opinião sobre incontáveis questões que surgem na sociedade portuguesa”, lê-se num comunicado hoje divulgado pelas dez estruturas sindicais de professores unidas em plataforma.

A plataforma de professores esteve quase um mês em greve às avaliações de final de ano dos alunos, reivindicando a contagem integral do tempo de serviço congelado para efeitos de progressão na carreira, exigência que é desde há meses um braço de ferro com o Governo e em relação ao qual ainda não foi possível chegar a um entendimento, e que motivou o pedido de audiência ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Não esquecemos que, em 30 de junho de 2017, o senhor Presidente da República afirmou, e bem, que ‘há outros heróis que estão a mudar Portugal, são os professores de Portugal’. Assim sendo, qual o motivo por que o senhor Presidente da República continua sem receber as organizações sindicais representativas dos professores portugueses?”, questionam os sindicatos.