A ONU pressionou esta quinta-feira a comunidade internacional para que se chegue a acordos para impedir “um banho de sangue” na província de Idleb, no noroeste da Síria, a última quase totalmente fora do controlo de Damasco.

“Esta guerra não deve terminar com um banho de sangue, mas através de acordos”, declarou Jan Egeland, conselheiro do mediador da ONU para a Síria, num encontro com a imprensa em Genebra.

“São precisas negociações, são precisos acordos”, insistiu, exortando os três países garantes das negociações de Astana — Rússia, Irão e Turquia — mas também os países ocidentais e os do Golfo a encontraram soluções, quando as forças do regime sírio começaram a bombardear posições rebeldes e jihadistas em Idleb para um assalto à província.

Egeland disse esperar que “os melhores diplomatas e os melhores emissários militares queiram sentar-se e discutir a melhor maneira de evitar um banho de sangue de civis”. O Presidente sírio, Bashar al-Assad, advertiu recentemente que aquela província constitui uma das prioridades do seu exército.

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Situada ao longo da fronteira com a Turquia, a província de Idleb tem cerca de 2,5 milhões de habitantes, entre os quais dezenas de milhares de rebeldes e de civis transferidos em massa a partir de bastiões de rebeldes reocupados pelo regime após sangrentas ofensivas.

As tropas sírias recuperaram vastas zonas do país nos últimos meses com a ajuda do aliado russo, que negociou uma série de acordos de rendição com os rebeldes.

Egeland lamentou o facto daqueles acordos obedecerem a uma “lógica militar e não humanitária”, sublinhando que “as famílias tiveram de deixar a sua terra, a sua casa, a propriedade dos seus antepassados sem saber se regressarão”. Assinalou que “a grande maioria dos grupos armados no noroeste não integram a lista dos terroristas”, defendendo que “deveria ser possível realizar acordos no noroeste”.

A situação em Idleb é “má atualmente”, mas “poderia ser cem vezes pior”, considerou Egeland, apelando por outro lado à Turquia para deixar as fronteiras abertas em caso de afluxo de refugiados sírios.