As eleições presidenciais norte-americanas de 2016 foram muito provavelmente as mais mediáticas dos últimos anos. Talvez seja preciso recuar até outras Presidenciais dos Estados Unidos, em 2000, quando George W. Bush venceu Al Gore, para encontrar um ato eleitoral rodeado de semelhante aparato. Não só porque Donald Trump ganhou depois de ser o candidato improvável durante toda a campanha, mas também pela suspeita que ainda perdura sobre a alegada ingerência russa nas eleições.

A verdade é que a incerteza sobre os resultados das eleições provocou preocupação com a segurança informática e a possibilidade de ataques de hackers durante a noite do ato eleitoral. E talvez seja por isso que o feito de Emmett Brewer, um rapaz norte-americano de apenas 11 anos, esteja a ser alvo de tanta atenção.

Na semana passada, Emmett Brewer foi um dos participantes da DEFCON 26, a maior convenção de hackers do mundo. Estava incluído num grupo de cerca de 50 crianças entre os 8 e os 16 anos que foram desafiados a tentar hackear uma réplica fiel do site do Estado da Flórida onde normalmente aparecem os resultados eleitorais em direto. Em menos de 10 minutos, Emmett conseguiu apoderar-se do site, manipular os nomes dos partidos, os nomes dos candidatos e a contagem de votos.

Além de Emmett, mais de 30 crianças conseguiram hackear réplicas dos sites eleitorais em menos de meia-hora, incluindo uma rapariga, também de 11 anos, que o fez em 15 minutos. Nico Sell, co-fundador da organização que criou a DEFCON 26, explicou à PBS que os sites eram “réplicas fiéis dos endereços reais”. “Estas coisas não deviam ser fáceis de hackear ao ponto de um miúdo de oito anos o conseguir fazer em menos de meia-hora, é negligência nossa enquanto sociedade”, acrescentou Nico Sell.

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A Associação Nacional dos Secretários de Estado dos Estados Unidos já emitiu um comunicado sobre a competição e garantiu que está “pronta para trabalhar com os membros da comunidade DEFCON que têm consciência cívica e querem fazer parte de uma equipa proativa para proteger as eleições”. Ainda assim, a organização exprimiu algum ceticismo em relação aos resultados do desafio colocado aos jovens.

“Seria extremamente difícil replicar estes sistemas sendo que muitos Estados utilizam redes únicas e bases de dados construídas à medida com protocolos de segurança novos e atualizados. Ainda que seja inegável que os sites são vulneráveis aos hackers, os sites da noite de eleições só são usados para publicar resultados preliminares e oficiosos para o público e a comunicação social. Os sites não estão ligados a nenhum equipamento de contagem de votos e nunca poderiam alterar os resultados reais das eleições”, garantiu a Associação Nacional dos Secretários de Estado.

Mas para Nico Sell, o comunicado da organização só revela que os secretários de estado “não estão a levar a ameaça a sério”, já que “ainda que não sejam os resultados reais da votação são os resultados que são apresentados ao público, e isso pode causar um completo caos”.