A Região Demarcada dos Vinhos Verdes não será das primeiras opções de guarda dos grandes colecionadores de vinho. E por que razão? Porque os vinhos que lá se produzem não têm ainda uma associação direta com o conceito de vinhos premium e, muito menos, com o conceito de vinhos de guarda.

Esta associação tem sido dificultada e atrasada por várias razões. Por um lado, durante muitos anos, o vinho verde foi produzido de forma amadora e para fins de subsistência. Se recuarmos ao século XVIII, depois das políticas aplicadas por Marquês de Pombal, em benefício dos vinhos da região do Alto Douro, os produtores da região dos vinhos verdes perderam as regalias no que diz respeito à exportação dos seus vinhos.

Como se não bastasse, quase simultaneamente, as barras do Minho, nomeadamente a de Viana do Castelo, que era o grande porto para escoamento dos vinhos da região, são fechadas. Neste cenário, sem terem como vender os seus vinhos, os produtores retiram o foco desta atividade, o que acabou por se refletir na qualidade do próprio vinho.

Outra condicionante que prejudica a associação, entre os vinhos verdes e o conceito de guarda, é o estigma que ainda existe relativamente à guarda e evolução dos vinhos brancos, e a Região Demarcada dos Vinhos Verdes é, por excelência, uma região de brancos.

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Dos entraves do passado aos avanços recentes

Hoje em dia, estas condicionantes fazem parte do passado e os peritos consideram que a Região dos Vinhos Verdes tem feito um excelente trabalho nas últimas duas décadas, quer no que diz respeito à produção, quer no que se refere à comunicação de vinhos de qualidade.

No mesmo sentido, também o avanço da tecnologia no setor permitiu um enorme desenvolvimento qualitativo na vinificação dos vinhos brancos, que passaram a ser estabilizados e produzidos em ambientes mais controlados, reduzindo a sua oxidação.

Uma boa evolução em garrafa

Nesta conjuntura, a Região Demarcada dos Vinhos Verdes consegue, pela primeira vez, tirar partido da apetência natural dos seus vinhos para evoluírem bem em garrafa. A boa acidez e o equilíbrio natural que possuem entre o grau alcoólico e a acidez fazem dos grandes vinhos brancos da Região dos Vinhos Verdes excelentes candidatos às garrafeiras e vinotecas. Estas últimas, para quem desconhece o termo, são adegas ou caves onde se guardam vinhos raros.

A conhecida sommelier canadiana, Joanie Metivier, ao provar um Quinta da Aveleda Vinho Verde de 2005, comentou que os vinhos verdes envelhecem surpreendentemente bem. “A frescura presente no vinho é surpreendente e super vivaz, inacreditável para um vinho verde com 13 anos.

Sabia que...

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  • O Vinho Verde é único no mundo e ganha este nome por ser produzido na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, no noroeste de Portugal, a partir das castas autóctones da região.
  • Existem Vinhos Verdes brancos, rosados, tintos, espumantes e aguardentes.
  • As temperaturas recomendadas para o consumo de Vinhos Verdes variam:
    – Vinho Verde Branco entre 8 e 12 °C;
    – Vinho Verde Rosado entre 10 e 12 °C;
    – Vinho Verde Tinto entre 12 e 15 °C;
    – Espumantes de Vinho Verde entre 6 e 8 °C.
  • O Vinho Verde celebra 110 anos. A Região foi originariamente demarcada a 18 de setembro de 1908 e é, em termos de área geográfica, a maior Região Demarcada Portuguesa e uma das maiores da Europa.

 

A cor é absolutamente linda e os aromas a casca de laranja, cera de abelha, damasco e camomila são envolvidos num corpo untuoso, com estrutura e com um fim a cera e mel”, comentou a profissional especializada em vinhos.

Aveleda aposta na guarda dos Vinhos Verdes

A Quinta da Aveleda, uma das mais antigas produtoras da Região dos Vinhos Verdes e considerada uma das melhores, acredita no potencial de evolução destes vinhos desde o início, tendo sido sempre um dos principais condutores da sua viticultura e enologia.

“Os vinhos da marca Aveleda são vinhos que têm de evoluir bem em garrafa. São ótimos enquanto jovens, mas, ao evoluir, têm de preservar as características principais da casta, a fruta, a elegância e a acidez, desenvolvendo aromas mais maduros e complexos à medida que evoluem,” explica Manuel Soares, diretor de enologia da Aveleda S.A.

A marca de vinhos guarda uma coleção de raridades do Vinho Verde que remonta a 1998 e, recentemente, tornou disponível ao público algumas das suas mais icónicas colheitas antigas na sua loja em Penafiel.

Fica o convite (irresistível) para descobrir e comprovar como as grandes jóias do Vinho Verde podem e devem ser guardadas.