A pauta diz 189,4. É a nota com que entrou o último colocado no curso de Engenharia Civil (lecionado em inglês) na Faculdade de Ciências Exatas e da Engenharia. Neste caso, o último aluno a entrar foi também o primeiro e único, já que das 20 vagas iniciais colocadas a concurso pela Universidade da Madeira só uma foi atribuída. E, como se o caso não fosse já curioso, este é também o curso com a nota mais alta de entrada na 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior.
O que não é fora do normal nesta história é ser um curso de Engenharia a apresentar as notas mais altas de acesso. Este é já o terceiro ano consecutivo em que a tendência se mantém. Depois de vermos, durante anos, os cursos de Medicina a bater recordes de notas altas, a Engenharia tem vindo a ganhar terreno. Muito terreno.
A primeira vez foi há três anos, quando o curso de Engenharia Aeroespacial e de Engenharia Física e Tecnológica, ambos do Técnico, chegaram ao primeiro lugar do pódio, destronando Medicina. Poderia ter sido um desvio do padrão, mas não foi. No ano passado, a história repetiu-se: as engenharias voltaram a subir a média de entrada e o curso de Engenharia e Gestão Industrial, da Universidade do Porto, ocupou o terceiro lugar do pódio, atirando Medicina para quarto lugar.
Veja aqui se entrou na universidade. 43.992 estudantes conseguiram lugar no Ensino Superior
Este ano? O primeiro curso de Medicina a surgir continua a ser o da Universidade do Porto, como nos dois concursos anteriores, mas já não aparece em quarto lugar. Nem em quinto. Nem em sexto. Medicina desceu para sétimo lugar, com uma média de 188,2 valores.
Os primeiros quatro lugares são todos para cursos de Engenharia. Engenharia Civil (lecionado em inglês) na Universidade da Madeira, Engenharia Física Tecnológica (189,0) e Engenharia Aeroespacial (188,5), ambas lecionadas no Técnico, e ainda Engenharia e Gestão Industrial (186,3), da Universidade do Porto.
A seguir, uma novidade. O curso de Matemática Aplicada e Computação, do Instituto Superior Técnico, com média de 183,5, surge em quinto lugar no ranking dos cursos com médias mais altas. Antes de Medicina, surge ainda o curso de Bioengenharia da Universidade do Porto, com 181,0 valores.
Em nenhum destes cursos, exceto no da universidade madeirense, sobram vagas para a 2.ª fase do concurso de acesso ao Ensino Superior.
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Há 33 cursos com nota de entrada negativa
Se há as melhores notas de entrada, também tem de haver as piores notas de entrada. Embora as notas divulgadas sejam sempre as do último aluno que conseguiu lugar em determinado curso — o que quer dizer que os restantes terão sempre entrado com notas superiores à que é divulgada — não deixam de ser um indicador dos cursos onde se consegue entrar com médias mais baixas.
A lei dita que não pode haver notas negativas no acesso a um curso superior, por isso, nenhum aluno pode entrar com uma nota inferior a 95 pontos, ou seja, uma nota média de nove e meio valores.
Este ano, há 33 cursos superiores onde a nota de entrada do último aluno foi essa, abaixo de dez valores. Dezassete deles estão empatados com esses 95,0 — e são tão díspares uns dos outros,que é impossível encontrar ali uma tendência.
Enologia, Desporto, Gestão de Empresas, Solicitadoria, Agricultura Biológica, Agronomia e Comunicação Social — há um pouco de todas as áreas de estudo entre os cursos com piores médias de entrada. No entanto, são os politécnicos que aparecem em maior número, quando olhamos para o estabelecimento onde os cursos são ministrados, mas não por longa margem. Há dez contra sete universidades.
Entre estas, quatro cursos são da Universidade de Trás-os-Montes, dois da Universidade de Évora e um da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.
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Na altura de escolher o curso, as notas de entrada são um bom indicador para o aluno levar em conta, até para perceber se a sua média lhe permite ingressar na sua primeira opção. Mas não a única. As taxas de empregabilidade também são importantes e convém olhar para elas antes, para ter uma ideia de como está o mercado de emprego.
Quais são os 31 cursos com emprego garantido (e os 10 com mais desemprego)
Concluída a 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior, ficaram colocados 43.992 alunos, o que corresponde a uma taxa de sucesso na colocação de 89,1%. Entre os alunos que conseguiram lugar nos estabelecimentos do Ensino Superior, mais de metade (54,7%) foram admitidos na sua primeira opção. Este ano, sobraram 7.290 vagas para a 2.ª fase do concurso de acesso ao Ensino Superior.
Os resultados estão disponíveis no site da Direção Geral do Ensino Superior, podendo também ser consultados através da aplicação ES Acesso.
Não entrou, não desespere. Ainda há 7.290 vagas para a 2.ª fase de acesso ao Ensino Superior