Devido à app Family Link, da Google, a expressão do livro 1984, de George Orwell, “Big Brother is Watching You” (“O Grande irmão está a vê-lo”) pode ser uma realidade para muitas crianças. Lançada em 2017 nos Estados Unidos (maio de 2018 em Portugal), a aplicação para dispositivos móveis permite aos pais “criar regras básicas digitais”, como temporizadores e barramentos para apps, e até saber onde o menor está (desde que esteja com o smartphone). Agora, depois da mais recente atualização, as crianças e adolescentes podem ter os dispositivos móveis desligados remotamente se os pais assim quiserem.

A forma como a Family Link funciona é simples. Os pais mais zelosos da atividade digital das crianças podem instalar num sistema iOS (9 ou superior) ou Android (7.0 ou superior) a aplicação “Family Link para pais” e, depois, sincronizar esta com a conta que utiliza nos dispositivo utilizado pelos filhos (pode ser preciso instalar a app “Family Link para crianças e adolescentes” no dispositivo). Com estes passos feitos, é possível ter acesso ao tempo que o menor utiliza no smartphone por aplicação, instalar/barrar apps à distância e definir tempos limites de utilização do dispositivo. Com a última atualização passou a ser possível também, à distância, bloquear remotamente o dispositivo. Para isto tudo, é preciso que os aparelhos estejam ligados à Internet.

Em Portugal, a app é direcionada a crianças até aos 13 anos, segundo a página oficial. Mas devido à nova atualização, é possível utilizar a app em contas Google até 18 anos. Ou seja, um utilizador de 14 anos com um Android ligado à própria conta também é abrangido por esta medida. Contudo, estes utilizadores adolescentes (entre os 13 e os 18) podem decidir apagar a ferramenta espia dos smartphones, mas têm de esperar 24 horas até esta ação ter efeito. Estes jovens a partir dos 13 anos, ao contrário dos menores, têm a opção para aceitar ou recusar este tipo de controlo na conta Google na instalação do dispostivo (o que se passa fora do smartphone, isso já a Google não pode controlar muito).

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O lançamento desta aplicação e estas novas ferramentas de controlo parental têm sido uma das soluções apresentadas pelas tecnológicas para os perigos a que os mais jovens estão expostos online e ao “vício” dos smartphones. As questões de privacidade têm preocupado alguns utilizadores, principalmente os mais jovens. Estes, devido a terem mais facilidade com dispositivos eletrónicos, muitas vezes têm encontrado maneiras de contornar estas soluções de controlo parental digital.

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