O anúncio deixou o Governo belga em choque, conforme reconheceu a ministra da Energia, Marie Christine Marghem. A elétrica do país, a Engie Electrabel avisou na sexta-feira passada que os dois reatores nucleares, parados para manutenção, não iam voltar à operação na data prevista há meses. E atraso não foi comunicado previamente ao Governo belga que agora tem pouco tempo para ultrapassar um cenário de crise energética que pode ocorrer em novembro, segundo avisou o gabinete de planeamento energético.  Já existem contactos aos mais alto nível com os países vizinhos para garantir que existe capacidade de interligação que permita comprar mais eletricidade.

Os dois reatores deveriam ter recomeçado a funcionar em outubro, mas o seu arranque só está previsto agora para o próximo ano. Isto significa um cenário inédito para o sistema elétrico belga, em novembro só estará disponível um dos sete reatores nucleares existentes. Esta situação coloca o país em risco de insuficiência elétrica, ou até de apagão, que pode ser causado por um desencontro entre a procura e a oferta de eletricidade na rede. Vai depender da temperatura, nos países do centro da Europa este é o fator mais determinante nas variações de consumo que tende a subir no inverno. E dos vizinhos. A Bélgica tem pouco mais de 11 milhões de habitantes.

A ministra belga confessou-se “chocada” e ameaça a Electrabel, detida pelo grupo francês Engi,e que também opera em Portugal, com consequências legais que estão a ser agora analisadas. O país contactou entretanto os operadores de rede de transportes da Holanda, França e Alemanha, para assegurar que estará disponível capacidade de interligação para importar eletricidade. “A Bélgica tem ainda algumas semanas para resolver a situação, não vale a pena perder a calma nesta altura”, afirmou Marie-Christine Marghem.

O problema belga já a ter impacto nos preços do mercado grossista alemão que estão a subir, isto num ano em que o preço da eletricidade já está sob forte pressão.

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