O Governo brasileiro arrecadou 6,8 mil milhões de reais (1,4 mil milhões de euros) em bónus de assinatura de quatro blocos de áreas para exploração de petróleo no pré-sal, num leilão realizado esta sexta-feira.

Doze das principais petrolíferas do mundo participaram no leilão, que se realizou num hotel na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. A concessão de contratos de partilha de produção para exercício das atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural nos blocos de Saturno, Titã, Pau-Brasil e Sudoeste de Tartaruga Verde, localizadas em águas profundas das bacias de Campos e Santos, entre o litoral dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Pré-sal é o nome dado às grandes reservas de petróleo descobertas no Brasil, com a exploração a ser feita em águas ultraprofundas na costa, abaixo de uma camada de sal de dois quilómetros de espessura.

O bloco de Saturno, o mais disputado e que teve as licitações mais altas, foi arrematado pelo consórcio da petrolífera anglo-holandesa Shell (50%) e da norte americana Chevron (50%), que ofereceram excedente de óleo ao Governo brasileiro de 70,20%.

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O bloco Titã foi ganho pelo consórcio da gigante norte-americana ExxonMobil (64%) e pela petrolífera do Qatar QPI (36%), que ofereceram excedentes de óleo de 23,49%.

O direito de explorar o bloco Pau Brasil e Sudeste foi adquirido pelo consórcio formado pela empresa britânica BP Energy (50%), a colombiana Ecopetrol (20%) e a companhia chinesa CNOOC Petroleum (20%), que ofereceram 63,79% da produção de óleo excedente ao Governo brasileiro.

A Petrobras, que tinha o direito de expressar a sua opção de ser a operadora com participação de pelo menos 30% em qualquer área do pré-sal, arrematou o bloco de Tartaruga Verde sozinha, oferecendo o valor mínimo de excedente de produção de 10%.

A Federação Unida dos Petroleiros (FUP), que agrupa os sindicatos centrais do setor no Brasil, disse que os estudos iniciais indicaram que as quatro áreas oferecidas têm reservas de 17.390 milhões de barris de petróleo. Os especialistas dizem, porém, que as reservas realmente extraíveis do pré-sal equivalem a 30% do calculado.

Por ter enormes jazidas de petróleo comprovadas, o Brasil não oferece licenças de exploração destas reservas em que se paga o direito para explorar toda a produção, mas adota um regime de sociedade no qual, além de pagar pelo direito de exploração, o vencedor do leilão tem que dividir o petróleo extraído com o Governo central.

O pré-sal brasileiro começou a ser explorado há exatamente dez anos e já produz uma média de 1,5 milhões de barris por dia, mais de metade de toda a produção do país.

Foi a quinta vez que o Brasil ofereceu às multinacionais estrangeiras a oportunidade de reivindicar o direito de explorar reservas de petróleo nesta zona.