Os alvos estavam bem definidos: apelar à união em torno do líder e desvalorizar o maior crítico a norte, Pedro Duarte. A maior distrital do PSD no país (o Porto) reuniu na segunda-feira à noite a Assembleia Distrital, numa sessão em que a esmagadora maioria das 19 intervenções serviu para defender Rui Rio e atacar Pedro Duarte. O ex-líder da JSD e deputado municipal do Porto tem colocado em causa a liderança de Rio, o que levou a que — ao longo da reunião da distrital — chegasse a ser comparado a André Ventura e fosse acusado de ter “uma agenda pessoal” que lesa os interesses do partido. Pedro Duarte, quando questionado pelo Observador, recusou-se a comentar o ataque de que foi alvo: “Não contribuo para polémicas internas”.

O vice-presidente da concelhia de Gaia, Nuno Mota Soares, visou Pedro Duarte quando criticou aquilo que chamou de “venturização da política” e de “política de soundbites“, segundo apurou o Observador junto de vários militantes presentes. Um outro militante presente explicou ao Observador a razão da comparação a André Ventura: “Apesar de haver críticos muito duros, as únicas duas pessoas que colocaram em causa a legitimidade da liderança de Rui Rio e falaram em congresso foi o Pedro Duarte e o André Ventura. O dirigente de Gaia acusou ainda o antigo líder da JSD de “falta de coragem de fazer as críticas à liderança nos órgãos próprios”, criticando o facto de Pedro Duarte não ter participado naquela reunião.

Militantes da concelhia do PSD/Porto criticaram ainda o facto de Pedro Duarte ter como relator do seu documento estratégico para o PSD (o Manifesto X), Francisco Ramos, presidente do movimento “Porto, Nosso Movimento”, a associação que funciona como uma espécie de “partido” de Rui Moreira. Vários militantes defenderam que é uma “falta de respeito” haver dirigentes do movimento de Rui Moreira no manifesto de Pedro Duarte, já que o PSD “é oposição na cidade do Porto” e Pedro Duarte é “deputado municipal e primeiro eleito na Assembleia Municipal”. Ou seja: representa o partido nessa oposição a Rui Moreira.

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Ainda houve um militante a criticar Miguel Morgado (por ter sido deputado eleito pelo Porto e não ter qualquer ligação à cidade), mas a maioria apontou mesmo baterias a Pedro Duarte. Um membro da direção do PSD/Amarante, Joaquim Teixeira, fez questão de destacar, numa intervenção muito aplaudida, que Pedro Duarte não representa ninguém e que, portanto, quando intervém não fala em nome do Porto, nem do distrito, mas apenas dele próprio.

O vice-presidente da concelhia do PSD no Porto, Miguel Corte Real, fez mesmo desafios a todos os dirigentes presentes: caso concordassem com críticos (como Pedro Duarte) e com a visão que defendem para o partido que fossem ali e o defendessem. Ninguém foi.

O presidente da distrital, Alberto Machado, começou a reunião com uma intervenção onde apelou à união em torno da direção de Rui Rio e explicou aos militantes do distrito a razão de ter assinado a carta de apoio ao líder (assinada por todas as distritais menos pela de Lisboa Área Metropolitana). O próprio presidente da Mesa e antigo presidente da distrital, Bragança Fernandes (que apoiou Santana Lopes nas diretas) terá subscrito as palavras do atual líder distrital.