Militares são-tomenses entraram, esta terça-feira à tarde, no Tribunal Constitucional, gerando aplausos efusivos dos populares concentrados diante do edifício, onde decorre a reavaliação dos votos nulos e brancos das eleições de 07 de outubro, constatou a Lusa no local.

Os militares entraram no edifício do TC, na capital são-tomense, cerca das 16:30 locais (a mesma hora em Lisboa) e ainda permaneciam no seu interior mais de uma hora depois.

O edifício tem estado a ser protegido por agentes da Unidade de Proteção dos Dirigentes do Estado (UPEE) e da polícia nacional, que não reagiram à ação dos militares.

A presença de militares ocorreu após a permanência, umas horas antes, de um general do exército gabonês nas instalações do TC, enquanto decorria o processo de reavaliação dos votos.

O general, fardado, acompanhava o enviado especial do Presidente gabonês, Ali Bongo, que é também presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEAC).

Ahmad Allam-Mi, que é também secretário-geral da CEAC, foi portador de uma mensagem para o chefe de Estado são-tomense, Evaristo Carvalho.

Presidentes das assembleias de apuramento distritais desobedecem ao Tribunal Constitucional

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“O presidente em exercício da CEAC enviou-me para entregar uma carta ao Presidente da República e orientou-me para me inteirar sobre a situação política no país e ver em que medida a CEAC pode contribuir para a pacificação e retoma da confiança”, disse aos jornalistas Ahmad Allam-Mi, à saída do encontro com Evaristo Carvalho.

São Tomé e Príncipe “é um país democrático e exemplar na sub-região”, afirmou ainda, acrescentando: “Não há razões para violência, é preciso que as coisas corram no respeito da ordem constitucional e da lei”.

Não foi esclarecido por que motivo o enviado especial e o oficial das forças armadas gabonesas se deslocaram no edifício do TC nem porque terão sido autorizados a testemunhar o processo de reapreciação dos votos.

Diante da sede do TC estão concentrados cerca de uma centena de populares empunhando cartazes e megafones exigindo da assembleia de apuramento geral a divulgação rápida dos resultados.

A Ação Democrática Independente (ADI), partido no poder e vencedor das eleições legislativas, com maioria simples (25 deputados em 55 na Assembleia Nacional), pediu ao TC a reavaliação dos votos nulos e brancos, acusando a oposição de cometer fraude eleitoral.

O líder do partido e ainda primeiro-ministro, Patrice Trovoada, considerou, em entrevista à Lusa, “estranho” o número de votos nulos – mais de dois mil -, superior à diferença de votos entre a ADI e o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), de cerca de 1.200.

MLSTP e a coligação UDD-PCD-MDFM reclamaram vitória com maioria absoluta nas legislativas, com 28 deputados (23 para o partido e cinco para a coligação).

Patrice Trovoada, nascido no Gabão, está ausente do país desde domingo, desconhecendo-se onde se encontra.