A exposição “Pedro Costa: Companhia”, que reúne obras do realizador português em colaboração ou cruzamento com trabalhos de outros artistas, como Rui Chafes, Paulo Nozolino ou Chantal Akerman, estreia sexta-feira no Museu de Serralves, no Porto.

Patente até 27 de janeiro de 2019, a mostra reúne não só colaborações do cineasta com outros autores, mas também “obras de alguns artistas que têm estado diretamente presentes em filmes” do cineasta português, a par de “pinturas, desenhos e filmes que têm acompanhado a sua vida e o seu trabalho”, pode ler-se na apresentação da mostra.

Com arquitetura de José Neves e coordenação de Filipa Loureiro e Marta Almeida, “Companhia” é inaugurada pelas 22h de sexta-feira e, no sábado, pelas 21:30h, conta com uma sessão que junta os filmes “O Nosso Homem” (2010) a “Cavalo Dinheiro” (2014).

Apresentado pelo próprio Pedro Costa e pelo subdiretor do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, João Fernandes, a curta “O Nosso Homem” antecede o filme que lhe valeu o Leopardo de Ouro, por Melhor Realização, no Festival de Locarno, há quatro anos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A exposição inclui várias expressões artísticas, de pinturas a esculturas, desenhos, livros e outra documentação que dialogam com a obra cinematográfica do lisboeta, sendo que as visitas orientadas, destinadas a enquadrar as várias referências, contam com nomes como Joaquim Manuel Caetano, Melissa Rodrigues ou Marta Mateus.

Entre os nomes destacados como importantes na vida e trabalho de Pedro Costa estão Pablo Picasso, Robert Bresson, António Reis, Jeff Wall ou Jean-Luc Godard, com Chantal Akerman, Jean-Marie Straub, Danièle Huillet, Paulo Nozolino ou Rui Chafes como colaboradores, em obras patentes na exposição.

Nascido em Lisboa, em 1959, Costa estudou História antes de se deixar levar pela área pelo cinema, estreando-se em longas-metragens em 1989 com “O Sangue”, cinco anos antes de “Casa de Lava”, que passou pelo Festival de Cannes.

Admirador confesso de António Reis, professor na Escola de Teatro e Cinema em Lisboa, Costa foi um dos primeiros representantes dessa instituição, a par de realizadores como Teresa Villaverde, Manuel Mozos e Marco Martins.

“Ossos” (1997), “No Quarto da Vanda” (2000) e “Juventude em Marcha” (2006) configuram uma trilogia sobre as Fontainhas, que foi editada em 2010 pela norte-americana Coleção Criterion, a que se seguiu “Ne Change Rien” (2009), documentário sobre a atriz e cantora francesa Jeanne Balibar.

No domingo, será exibido, pelas 17h, “Casa de Lava” (1994), antes de “Juventude em Marcha”, pelas 21:30h, com José Neves a apresentar a última da trilogia, sendo “No Quarto da Vanda” exibido em 28 de outubro, com o crítico e ensaísta António Guerreiro.

Além das sessões, Serralves organiza ainda várias visitas orientadas, convidando figuras ligadas à obra e à mostra, como o comissário Nuno Crespo, o realizador João Dias, o historiador de arte Joaquim Manuel Caetano ou o escultor Rui Chafes – este último em 1 de dezembro, no encerramento do programa.

No próximo domingo, será ainda apresentado, na Livraria de Serralves, um livro sobre o cineasta, da autoria de Carlos Melo Ferreira, numa parceria com a editora Afrontamento, e que se apresenta como a “cartografia da obra de um cineasta contemporâneo ímpar”.

“Vinte e nove anos depois do mítico ‘O Sangue’, a Afrontamento publica um álbum que percorre as três décadas de vida no cinema, e não só, de Pedro Costa”, pode ler-se na apresentação do livro, pela mão de Melo Ferreira, ensaísta em cinema e professor auxiliar na Escola Superior Artística do Porto.