Chegaram na passada segunda-feira para três dias de visita oficial a Portugal. Depois de terem sido recebidos pelo Presidente da República no Palácio de Belém, de passarem pelo Oceanário de Lisboa, pela Fundação Champalimaud e pela Fundação Calouste Gulbenkian e de até terem passeado de elétrico pela capital, os reis da Bélgica terminam a visita de Estado no Porto.

Aos 58 anos, Philippe subiu ao trono há cinco, depois de o seu pai, o rei Albert II (atualmente, com 84 anos), ter abdicado por questões de saúde. Desde então, já conheceu dois primeiros-ministros. “Admiramos o vosso país e a forma como combinam as tradições com o sentido de ser europeu. O facto de colocarem tanto ênfase na Europa – como fazemos na Bélgica – e ao mesmo tempo acarinharem as vossas tradições e a vossa rica cultura e história é para nós um exemplo”, afirmou o rei, durante o seu discurso no Palácio de Belém, na passada segunda-feira.

Os reis da Bélgica, na passada segunda-feira, recebidos pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém © FRANCISCO LEONG/AFP/Getty Images

Acarinhado no seu país, o casal faz a sua primeira visita oficial a Portugal. O momento já incluiu um passeio de elétrico em Lisboa. Depois de estarem com António Costa, Eduardo Ferro Rodrigues e com Fernando Medina, os reis foram acompanhados por Marcelo num passeio de elétrico no coração de Lisboa, com direito a uma paragem para uma fotografia junto ao miradouro das Portas do Sol, entre Alfama e Castelo.

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Philippe e Mathilde são casados desde 1999 e têm quatro filhos. A mais velha, Elisabeth, celebra na próxima quinta-feira 17 anos, e é a primeira na linha de sucessão. Quando subir ao trono, será a primeira rainha reinante da Bélgica. Filho do rei Albert II e da rainha Paola, descendente de uma família aristocrata italiana, Philippe nasceu durante o reinado do seu tio, o rei Baudouin, filho mais velho de Leopold III. Com a morte do rei, em 1993, foi o seu irmão mais novo, pai do atual rei, a assumir o trono. Ocupou-o durante 20 até à abdicação, em 2013.

Philippe começou por estudar na Belgian Royal Military Academy, em Bruxelas. Mais tarde, passou pelo Trinity College, em Oxford, e pela Universidade de Stanford, na Califórnia, de onde saiu com um mestrado em Ciência Política. Além de se ter tornado no segundo na linha de sucessão, com a morte do tio, ganhou também o título de Duque de Brabant.

O casamento de Philippe e Mathilde, em dezembro de 1999 © PHILIPPE HUGUEN/AFP/Getty Images

A 4 de dezembro de 1999, casa com Mathilde d’Udekem d’Acoz, filha de um conde belga, com ascendência polaca do lado materno, e 13 anos mais nova. O casal tem quatro filhos. Depois de Elisabeth, a filha mais velha, nasceram Gabriel, agora com 15 anos, Emmanuel, com 13, e Eléonore, de 10. Com a coroação, em 2013, Mathilde tornou-se na primeira rainha consorte nascida na Bélgica. Estudou psicologia e terapia da fala, profissão que exerceu durante quatro anos, até ao seu casamento com o príncipe.

As causas sociais e humanitárias são a sua prioridade, desde que casou com Philippe. Desde 2009 que é presidente honorária da Unicef Bélgica, cargo que também ocupa no Breast International Group, uma organização sem fins lucrativos que apoia grupos de investigação na área do cancro da mama em todo o mundo. Em 2001, criou o Princess Mathilde Fund (atualmente Queen Mathilde Fund), que todos os anos premeia quem se destaca em áreas como a educação e a saúde feminina. Já este ano, foi nomeada presidente honorária do Conselho Federal para o Desenvolvimento Sustentável, ocupando ainda a posição de membro honorário da Academia Real de Medicina da Bélgica.

Em 2012, o livro Questões Reais, do jornalista Frédéric Deborsu, gerou polémica. Lá dentro, estavam informações sobre as relações no seio da família real belga e algumas delas diziam respeito ao príncipe Philippe e ao seu casamento. Segundo o jornalista da RTBF, estação de televisão belga que rapidamente se distanciou do conteúdo do livro, o casamento entre o príncipe e Mathilde teria sido arranjado, na sequência da pressão feita pelo próprio rei para que o seu herdeiro constituísse família. No mesmo livro, Deborsu refere também que, antes do casamento, Philippe terá mantido uma relação homossexual durante anos.

Os reis com os seus quatro filhos © FREDERIC SIERAKOWSKI/AFP/Getty Images

O autor classificou ainda o rei Albert II como um mau pai, alegando que este teve uma filha fora do casamento e que nunca chegou a reconhecê-la. Por outro lado, segundo o mesmo livro, também a rainha Paola teve vários amantes. Após as teorias do livro terem vindo a público, o príncipe, agora rei, apressou-se a falar. Num comunicado enviado à imprensa, naquela altura, Philippe falou, sobretudo do seu casamento com Mathilde, hoje com 45 anos. “O dia mais feliz da minha vida foi quando Mathilde aceitou o meu pedido de casamento”, afirmou no comunicado. “Desde esse dia, o nosso casamento deu-nos quatro filhos que rodeamos com o nosso amor e que só fazem com que ele seja mais abundante. É com toda a serenidade que faço esta declaração”, acrescentou.

Quarta-feira é o último dia da visita, que terminará na cidade do Porto. Espera-se que os reis visitem o Museu de Serralves, o Palácio da Bolsa e a Universidade do Porto.